Vilãs da conta de luz, termelétricas evitaram apagão e racionamento
06 de fevereiro de 2022Economista explica que modernização dessas usinas entre 2015 e 2016 deixou-as mais eficientes e garantiu oferta de energia atual
Termelétricas ficaram ainda mais caras na pandemia – Foto: Divulgação
Diante da escassez de chuvas no Brasil, uma realidade constatada nos últimos sete anos, as termelétricas foram a única opção possível para evitar o racionamento de energia ou apagões. A afirmação é do economista e professor de direito ambiental Alessandro Azzoni.
"As termelétricas não chegam a ser heroínas, mas vilãs é exagero. Elas são um coadjuvante importante do sistema nacional e garantiram o abastecimento regular nesses últimos anos." A maior parte da produção nacional de eletricidade, aproximadamente 60% do total, vem das hidrelétricas.
Segundo Azzoni, as termelétricas são apontadas como vilãs porque utilizam em sua produção combustíveis fósseis que tornam o processo de geração de energia mais caro, impactando no aumento da conta de luz dos consumidores finais.
"Para piorar a situação, diesel e gás, com a elevação do preço do barril de petróleo no exterior, tiveram sucessivos aumentos durante a pandemia", comenta.
No fim de 2021, 25% da geração de energia do país era garantida pelas termelétricas. Em 2019, o percentual ficava por volta de 16%. Há dez anos, em 2012, esse tipo de produção representava 10% do total.
"Nos últimos 7 anos os índices pluviométricos foram insuficientes para garantir o funcionamento das hidrelétricas e se nós não tivéssemos essas 3099 termoelétricas ativas, teríamos hoje um problema de racionamento de energia e estaríamos vivendo situações mais conflitantes".
O economista explica que as usinas estão espalhadas por todo o país, mas a concentração maior está na Região Sudeste. Em São Paulo e Minas Gerais, principalmente.
Alessandro Azzoni diz que foi graças à crise econômica do governo da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) que as termelétricas se tornaram mais eficientes para suprir a demanda nacional de agora.
"Com a queda da atividade econômica naquele momento, usou-se menos energia no país e foi possível desligar as usinas para modernizá-las. Muitas estavam defasadas e precisavam desse trabalho", afirma. "Elas não tinham manutenção suficiente e eram usadas de forma precária".
Para o economista, o futuro da geração de energia do país deveria ser o das usinas térmicas que utilizam biomassa, método menos agressivo à natureza, ou a solar e eólica, mais baratas e com grande potencial no país.
"Deveríamos incentivar mais as usinas eólicas daqui em diante, elas já mostraram que são bastante eficientes. Parques solares em regiões como o Nordeste também deveriam ter investimento mais firme, para tirar um pouco da dependência das hidroeléticas e das térmicas", sugere Azzoni.
Valedoitaúnas (R7)