Vale a pena consumir colágeno?
23 de junho de 2024Não existe poção mágica para o rejuvenescimento. Mas é possível consumir alimentos com nutrientes que estimulem a produção de colágeno.
O colágeno diminui com o tempo – Foto: Freepik
Um dia, você nota algo diferente na camada que recobre o seu corpo: surgem linhas na testa ou ao redor dos olhos, parecendo que seu rosto derreteu com o acúmulo de pele abaixo do queixo. Ao virar de costas, nota que o bumbum está mais molenga. Os cabelos estão mais finos e as unhas, quebradiças.
Para tentar apaziguar esse desespero, entra em cena um suplemento que promete devolver a elasticidade e melhorar a aparência da pele: o colágeno. E algumas dúvidas que recebo diariamente dos pacientes são: tomar colágeno faz bem? Precisa? Funciona? Rejuvenesce?
O colágeno é uma proteína estrutural produzida naturalmente pelo nosso corpo (a partir de aminoácidos obtidos pela digestão de alimentos proteicos) por células chamadas de fibroblastos, que atuam na formação do tecido conjuntivo, da pele, das articulações, do tecido intestinal e dos ossos, principalmente. Apesar de nutricionalmente ser considerado de baixa qualidade por não ter todo o perfil de aminoácidos que nosso corpo não consegue produzir, conhecidos como aminoácidos essenciais, ele corresponde a 30% ou mais do total de proteínas do organismo. Existem mais de 28 tipos de colágeno, sendo os mais “famosos” o colágeno tipo I, que é o mais abundante e presente principalmente na pele – o responsável por dar a ela estrutura, resistência e elasticidade, tendões e ossos –, e o colágeno tipo II, relacionado às articulações.
A partir dos 25 anos, ocorre redução progressiva, diminuindo cerca de 1% da produção de colágeno ao ano, e aumento da sua degradação. Esse processo é agravado pelo envelhecimento causado principalmente pela exposição ao sol, tabagismo, alterações hormonais causadas pela menopausa, por exemplo, doenças crônicas, dieta e poluição.
A solução estaria então nas gominhas, pós, bebidas ou cápsulas? Não é bem assim. O colágeno presente em alguns suplementos é extraído de animais, sob a forma de molécula grande, devendo ser quebrada, através de um processo chamado hidrólise, em partículas menores, os peptídeos, para que seja melhor absorvido pelo organismo.
Apesar da suplementação de colágeno ser segura, não existe um consenso entre dermatologistas sobre a sua eficácia, e as pesquisas científicas mostram que ela não é exatamente milagrosa.
Um artigo científico publicado no Journal of Drugs in Dermatology, em 2021, mostrou que existem evidências que sugerem certos benefícios para a saúde, como melhora na hidratação, firmeza e elasticidade da pele. No entanto, é importante notar que os resultados variam de acordo com o tipo de suplemento, a dose, a duração do uso e as características individuais de cada pessoa, além de sempre estarem associados à vitamina C e ao silício, que é um mineral bastante importante para síntese da proteína, além de outros antioxidantes associados.
Em relação aos benefícios da suplementação de colágeno tipo II, para as articulações, a Sociedade Brasileira de Reumatologia publicou, em 2016, que não havia, até então, comprovação científica dos seus benefícios para as articulações.
Portanto, não existe poção mágica para o rejuvenescimento. Mas é possível consumir alimentos com nutrientes que estimulem a produção de colágeno. Peixe, frango, ovos, laticínios, leguminosas combinadas com cereais contêm os aminoácidos que o corpo utiliza para produzir colágeno. As vitaminas são essenciais para manutenção do colágeno: a vitamina C desempenha um papel crucial na estabilização e estruturação do colágeno. Além disso, possui propriedades antioxidantes, combatendo os danos causados pelos radicais livres e inibindo a expressão de enzimas que degradam o colágeno. O retinol, que é a forma ativa da vitamina A, tem papel essencial na regulação da expressão dos genes de colágeno, bem como na síntese de elastina. Além disso, a vitamina A ajuda a prevenir a degradação do colágeno, promovendo assim a saúde e a elasticidade da pele, podendo ser encontrada em crustáceos, grãos integrais, oleaginosas, frutas e vegetais.
(Fonte: O GLOBO)