Tribunal chinês confirma pena de morte para canadense por tráfico de drogas
10 de agosto de 2021Decisão coincide com comparecimento de diretora da Huawei a um tribunal canadense, para série de audiências que devem definir se Meng Wanzhou será extraditada para os EUA
O canadense Robert Lloyd Schellenberg durante julgamento por tráfico de drogas no tribunal de Dalian, na província de Liaoning, no nordeste da China, em 14 de janeiro de 2019. Pena de morte foi mantida em caso que desencadeou grave crise nas relações entre Ottawa e Pequim – Foto: Tribunal Popular Intermediário de Dalian via AFP
Um tribunal chinês confirmou em segunda instância a pena de morte para o canadense Robert Lloyd Schellenberg por tráfico de drogas nesta terça-feira (10).
Schellenberg foi acusado, junto a outros réus, de introduzir mais de 220 quilos de metanfetamina no país.
A primeira condenação, em 2019, aumentou ainda mais a crise diplomática entre a China e o Canadá.
A decisão desta terça é anunciada um dia antes de a Justiça chinesa divulgar o veredicto sobre o caso de outro cidadão canadense: Michael Spavor.
O empresário e o ex-diplomata Michael Kovrig, também canadense, foram presos no fim de 2018, dias após Meng Wanzhou, executiva da Huwei, ser detida no Canadá a pedido dos Estados Unidos.
Wanzhou é filha do fundador do grupo chinês de telecomunicações Huawei e foi solta após 11 dias, depois de pagar uma fiança de 10 milhões de dólares canadenses.
Coincidências com o caso Huawei
Robert Lloyd Schellenberg foi condenado em janeiro de 2019 à pena de morte por ter introduzido, junto a outros acusados, mais de 220 quilos de metanfetaminas na China.
O canadense, que já foi condenado por tráfico de drogas em seu país, se declarou inocente na China, disse que viajou à China a turismo e recorreu da condenação em maio do mesmo ano.
A Justiça chinesa demorou mais de dois anos para anunciar a decisão desta sexta, e a sentença coincide com o comparecimento de Meng Wanzhou a um tribunal canadense.
Wanzhou deve comparecer à última série de audiências que devem definir se a diretora financeira da Huawei será extraditada aos Estados Unidos.
Detido desde 2014, Schellenberg tinha sido inicialmente condenado a 15 anos de prisão em primeira instância.
Mas, pouco depois da detenção da executiva da Huawei, a Justiça chinesa considerou o veredicto "muito indulgente" e anunciou a abertura de um novo processo, que resultou na pena de morte.
'Provas confiáveis e suficientes'
A decisão de segunda instância, do Tribunal Popular Supremo da província de Liaoning, onde o canadense foi julgado e condenado, rejeitou o recurso do canadense e confirmou a pena capital.
O tribunal "considerou que os fatos constatados em primeira instância eram claros e as provas, confiáveis e suficientes". Em comunicado, disse que a pena de morte era "apropriada".
Dominic Barton, embaixador do Canadá no Canadá, criticou a decisão. "Condenamos o veredicto nos termos mais fortes e apelamos à clemência da China", disse o diplomata.
"Transmitimos em várias ocasiões à China a nossa firme oposição a esta pena cruel e desumana e continuaremos fazendo isto".
Filha do fundador da Huawei e espionagem
Diretora financeira da Huawei, Meng Wanzhou vai a tribunal em Vancouver, Canadá, em maio de 2020 – Foto: Jennifer Gauthier/Reuters
Meng Wanzhou deve comparecer a um tribunal canadense nos próximos dias para a última série de audiências que devem definir se a diretora financeira da Huawei será extraditada aos Estados Unidos.
A filha do fundador da Huawei foi detida em 1º de dezembro de 2018 no aeroporto de Vancouver a pedido da justiça americana, que deseja julgá-la por fraude bancária.
Poucos dias depois da detenção de Wanzhou, a China prendeu o ex-diplomata Michael Kovrig e o empresário Michael Spavor.
O primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, considera as prisões como represália – o que a China nega. Kovrig e Spavor foram acusados formalmente por espionagem em junho do ano passado.
Protesto no Canadá em maio de 2019 contra as prisões do ex-diplomata Michael Kovrig e do empresário Michael Spavor na China – Foto: Jason Redmond/AFP
Valedoitaúnas (G1)