Testemunha confirma versão de que filha biológica de Flordelis também atirou em pastor
11 de dezembro de 2020A deputada federal Flordelis acompanha a quarta audiência em que é ré no caso do assassinato do pastor Anderson do Carmo – Foto: Carolina Heringer/Agência O Globo
Em acareação realizada na manhã desta sexta-feira (11), no fórum de Niterói, na região metropolitana do Rio, uma ex-frequentadora da igreja da deputada federal Flordelis dos Santos confirmou ter tomado conhecimento de que uma segunda pessoa atirou no pastor Anderson do Carmo na garagem da casa da família em Pendotiba. Segundo Vivian da Silva, Simone dos Santos, filha biológica de Flordelis, também teria feito disparos de arma de fogo na genitália da vítima.
Ainda de acordo com a testemunha, a presença de outras pessoas na cena do crime foi relatada a ela por Cristiana Rangel, esposa do pastor Carlos Ubiraci, que também está preso acusado de envolvimento no assassinato. Carlos e Cristiana são filhos afetivos de Flordelis e moravam na casa.
Outro filho biológico de Flordelis, Flávio dos Santos, foi o único acusado pelo Ministério Público de ter atirado em Anderson. Os outros réus são acusados de participarem no crime, mas não de serem os executores. Nas investigações, não houve qualquer relato da presença de outras pessoas na cena do crime além de Flávio.
Além da participação de Simone, Vivian aponta ainda que outro filho afetivo de Flordelis, André de Oliveira, teria segurado o pastor para que Simone e Flávio atirassem.
“Ela (Cristiana) falou que foi algo que ela ouviu na casa (de Flordelis). O André havia segurado o pastor Anderson para o Flávio e a Simone atirarem nele. E que a mãe dela (Flordelis) sabia de tudo, que não caía uma folha da árvore dentro de casa se a pastora Flor não soubesse. A Simone que havia atirado nas partes íntimas”, descreveu Vivian.
Questionada pela juíza Nearis dos Santos se havia ouvido ainda relatos da participação de Lorrane, filha biológica de Simone e André, Vivian afirmou que sim, mas não se recordava exatamente o que teria sido. O envolvimento de Lorrane no homicídio está sendo investigado pela Polícia Civil em um terceiro inquérito aberto sobre o caso.
Logo após o depoimento de Vivian, Cristiana foi ouvida e negou que tivesse feito os relatos sobre o crime para a frequentadora da igreja. Questionada pela juíza se havia recebido alguma ameaça para não confirmar a história relatada por Vivian, Cristiana negou.
“Não quero me manifestar porque não vi. Como vou falar uma coisa que não vi?”, afirmou.
Após a negativa, Cristiana confirmou que há uma espécie de lei do silêncio na casa da deputada e somente pode ser dito aquilo que a parlamentar autoriza. A nova versão para o crime surgiu há duas semanas, durante o depoimento de Regiane Rabelo na segunda audiência do caso. A empresária, que é próxima de alguns integrantes da família de Flordelis, afirmou ter ouvido de Vivian sobre o relato de Cristiana.
Segundo Regiane, Cristiana havia contado para Vivian que Simone, André e Lorrane também estavam na cena do crime. Diante do depoimento, Cristiana, que estava na plateia da audiência, foi convocada para depor. No entanto, negou que tivesse falado sobre o crime para Vivian.
Simone dos Santos, filha da deputada Flordelis – Foto: Reprodução
Diante da negativa, a juíza Nearis dos Santos Carvalho Arce determinou que Vivian fosse intimada para depor. Ela foi ouvida na última sexta-feira (4), no terceiro dia de audiência, e confirmou ter ouvido de Cristiana a versão narrada por Regiane. Diante da contradição, a juíza marcou a acareação para a audiência que ocorre nesta sexta-feira (11).
Na quarta audiência do processo, além da acareação, serão ouvidas 14 testemunhas de acusação e defesa.
Seguranças de Flordelis são retirados
Os dois seguranças de Flordelis foram retirados do fórum de Niterói logo após o início da audiência. A determinação foi da juíza Nearis dos Santos. Ambos foram expulsos após serem acusados pela testemunha Regiane Rabelo de terem sido os responsáveis por jogar uma bomba em sua casa no início de setembro deste ano. Regiane chamou os policiais militares do fórum e afirmou que eles não poderiam permanecer no local, já que tinham jogado uma bomba em sua casa.
O episódio da explosão do artefato em sua casa foi registrado por Regiane na Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo. Com a confusão, a juíza determinou a saída dos seguranças da deputada.
Valedoitaúnas/Informações Extra