Telefonista comemora o fim do casamento por ruas de Senador Canedo: ‘Enfim, divorciada’
29 de novembro de 2021Aracélia Aguiar de Albuquerque, de 44 anos, viveu 20 anos casada e conta que sofria com uma relação abusiva. Ela também foi até a porta do fórum de Goiânia para celebrar o fim do processo de separação
Telefonista comemora divórcio com placa ‘Enfim divorciada’ pelas ruas de Senador Canedo – Foto: Aracélia Albuquerque/Arquivo pessoal
A telefonista Aracélia Aguiar de Albuquerque, de 44 anos, comemorou seu divórcio pelas ruas de Senador Canedo, Região Metropolitana da capital, em Goiás, com uma placa escrito ‘Enfim, divorciada’. Ela conta que mandou até fazer um vestido e escovou o cabelo no salão para o dia considerado especial. Segundo ela, o ex-marido a proibia de estudar, trabalhar e até de dirigir, e que vivia um relacionamento abusivo.
“Sou uma nova mulher, não sou o que eu era mais. O divórcio foi um presente divino, um prêmio. Vivi com meu ex por 20 anos e fui vítima de um relação abusiva. Ele queria que eu vivesse só para ele e tinha medo que eu eu virasse a mulher que me tornei: Independente", conta a telefonista.
Aracélia tem dois filhos e um neto. Ela conta que o ex-marido não permitia que ela usasse roupas curtas, bota e até óculos escuros.
“Ele dizia que era chique demais usar acessórios e me perguntava: ‘Você acha que você é alguém?’. Eu só podia usar saia e blusa de manga. Ele não me deixava trabalhar, estudar e que tinha que ficar em casa cuidando dos filhos”, diz a telefonista.
A telefonista conta que sempre sonhou em dar aulas para crianças e queria fazer pedagogia, mas o ex-esposo reforçava que se ela não havia estudado solteira, casada não ia mais. “Eu sonhava e acordava chorando, mas eu dizia a ele três coisas: ‘Meus filhos vão crescer, o mundo dá voltas e Deus é justo’ e assim foi”, conta.
No último sábado (27), Aracélia saiu pelas ruas da cidade com uma placa: "Enfim, divorciada" com uma amiga para comemorar o divórcio.
“Foi emocionante, as pessoas da rua buzinaram, me aplaudiram e até policiais começaram a tirar foto. Foi uma libertação para mim poder comemorar, é uma conquista muito grande. Estou muito feliz”, ressalta ela.
Aracélia também foi até a porta do Fórum de Goiânia com um vestido longo de cor prata escolhido especialmente para a comemoração. “Fui no salão fazer uma escova, mandei fazer vestido, foi um dia de princesa”, diz a telefonista.
Aracélia no Fórum de Goiânia com um vestido longo de cor dourada escolhido especialmente para a comemoração do divórcio – Foto: Aracélia Albuquerque/Arquivo pessoal
Ela conta que sofreu com traição e ameaças do ex-marido. “Nunca foi um relacionamento perfeito, mas sempre fui superando uma coisa e outra, até por conta dos meus filhos, mas não estava aguentando mais. Ele já havia saído de casa duas vezes, eu cheguei a adoecer e precisei até ficar internada. Ele dizia que eu era burra e que não ia conseguir as coisas, duvidava de mim e me dizia até que se eu conseguisse tirar carteira ele me daria um carro”, conta Aracélia.
Após a separação, Aracélia conseguiu terminar o ensino médio, tirou carteira de motorista e decidiu se "libertar". Atualmente, ela usa salto, vestido e até óculos escuros.
“Da última vez que ele saiu de casa, ele não voltou mais e ficamos dois anos separados. Foi uma fase muito difícil, tive ajuda dos vizinhos e de uma amiga, a Rosana, que sempre me dava forças para levantar”, conta ela.
Mesmo sem condições financeiras e com medo de perder tudo, Aracélia decidiu correr atrás para tentar contratar uma advogada para entrar no processo de divórcio.
“Eu consegui e a documentação do divórcio saiu, mas antes disso eu cheguei a trabalhar em três empregos. Eu fazia faxina em condomínios, cuidava de idosos durante o dia e de madrugada, tudo para conseguir pagar a advogada no processo e deu certo”, diz.
Arácelia conta que não há nenhum sentimento negativo dela contra o ex. "Tivemos momentos ruins, mas alguns bons também, não tenho raiva dele, ele é pai dos meus filhos e vida que segue", desabafa.
Aracélia posa de vestido, salto e óculos escuros em Senador Canedo, Goiás – Foto: Aracélia Albuquerque/Arquivo pessoal
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