Tarifa de 50% imposta por Trump isola aliados de Bolsonaro no Congresso
13 de julho de 2025Diferentes alas políticas se colocaram contra taxação, enquanto deputados do PL mantiveram discurso para responsabilizar Planalto
Aliados de Jair Bolsonaro (esq) ficaram isolados no Congresso por reações ao presidente dos EUA, Donald Trump, (dir) – Foto: Alan Santos/PR/Arquivo
A tarifa de 50% para exportação de produtos brasileiros para os Estados Unidos, anunciada pelo presidente norte-americano Donald Trump, isolou aliados do ex-presidente Jair Bolsonarodentro do Congresso Nacional.
Enquanto parlamentares alia dos ao governo Lula e representantes do centro criticaram a taxação e defenderam medidas para reverter o aumento, parlamentares próximos a Bolsonaro adotaram um discurso centrado na responsabilização do Planalto.
Segundo eles, o aumento seria consequência de uma suposta má condução política das relações com os Estados Unidos, por parte do Executivo. Deputados e o próprio PL também sugerem que a resolução do impasse cabe exclusivamente ao governo federal.
A perspectiva divergiu de nomes ligados ao centro político que, por outro lado, veem o tema como uma questão nacional e defendem esforços coordenados para minimizar os impactos nos setores atingidos.
Segundo apurou o R7, essa linha de pensamento tem sido reforçada por nomes próximos ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Essas figuras políticas destacam a necessidade de ações em conjunto ao governo para evitar prejuízos a setores e à economia.
A avaliação, conforme relata um líder de centro sob reserva, é de que o impacto alcança todo o país, e não deve ser tratado como disputas ideológicas.
Agronegócio
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também se posicionou contra a taxação, alertando para os efeitos da tarifa sobre o câmbio, o custo de insumos importados e a competitividade do agronegócio brasileiro.
Representantes do setor defendem que o Brasil intensifique o diálogo diplomático com os Estados Unidos, com cautela, mas com posição firme contra o aumento de 50% apontado pelos Estados Unidos. “A diplomacia é o caminho mais estratégico para a retomada das tratativas”, diz trecho de nota da FPA.
Posição do Congresso
A cúpula do Congresso também defendeu que a resposta ao cenário deve ser centrada a nível diplomático e comercial, mas relembrou a possibilidade de resposta recíproca, conforme prevê uma proposta aprovada recentemente pelo Congresso.
Em posicionamento, os presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), disseram estar prontos para agir com “equilíbrio e firmeza” na defesa da economia brasileira.
Duas propostas com pedido para que o Congresso emita uma moção de repúdio também foram apresentadas por partidos políticos. Uma das solicitações foi indicada pelo PT e outra pelo PDT.
Os dois textos defendem a soberania nacional e propõem textos de repúdio às tarifas de Trump. As propostas ainda não chegaram a um consenso entre lideranças dentro da Câmara, mas foram formalizadas e podem ser votadas futuramente.
Entenda a crise entre Brasil e EUA
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decidiu iniciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos.
A previsão é de que a medida passe a valer em 1º de agosto. O movimento veio em meio ao confronto entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump.
Adversários ideológicos, os dois chefes de Estado reacenderam a tensão após recentes episódios envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro e a cúpula do Brics, realizada no Brasil.
Na quarta-feira (9), Trump enviou uma carta a Lula informando a medida. Segundo o presidente norte-americano, trata-se de resposta a supostos ataques do Brasil à liberdade de expressão de empresas dos Estados Unidos e ao tratamento dado a Bolsonaro.
(Fonte: R7)