“Suprema humilhação”, diz Bolsonaro sobre ação da PF
18 de julho de 2025O ex-presidente conversou com jornalistas após deixar secretaria de administração penitenciária da Polícia Federal, em Brasília
Bolsonaro em conversa com jornalistas, após colocar a tornozeleira eletrônica – Foto: Reprodução
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) conversou com jornalistas na manhã desta sexta-feira (18), após deixar a sede da secretaria de administração penitenciária da Polícia Federal, em Brasília, onde foi levado para a colocação de uma tornozeleira eletrônica.
Em suas primeiras palavras após ser alvo de ação da PF, em que os agentes cumpriram um mandado de busca e apreensão em sua residência, Bolsonaro afirmou que a determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem objetivo de "suprema humilhação" contra ele.
O ex-presidente também afirmou que nunca teve interesse em deixar o Brasil. Sobre os 14 mil dólares e 8 mil reais encontrados em espécie em sua residência, Bolsonaro afirmou que o dinheiro tem origem lícita e que "sempre guardou dinheiro em espécie em casa". Ele afirmou ter um recibo do Banco do Brasil que comprova a origem.
Ação da Polícia Federal
A ação deflagrada pela PF na manhã desta sexta cumpriu uma decisão de Moraes, que visa evitar o risco de fuga de Jair Bolsonaro do país. A investigação exultou nas buscas foi aberta no STF na última sexta-feira (11), dois dias depois do anúncio do tarifaço de 50% aos produtos brasileiros, impostos pelo presidente estadunidense Donald Trump.
Em diversas vezes durante a conversa com os jornalistas, o ex-presidente reforçou que a ação foi um exagero e que visava sua própria humilhação. Ele também afirmou que acredita que o seu filho, o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve continuar nos EUA para "evitar passar por isso aqui".
Durante a ação, a Polícia Federal apreendeu o celular do ex-presidente e encontrou um pendrive escondido no banheiro. Questionado por uma jornalista sobre o conteúdo presente no objeto, Bolsonaro afirmou desconhecer o dispositivo.
Medidas cautelares
As medidas de Moraes foram tomadas após favorecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). O ex-presidente deverá permanecer em casa entre 19h e 7h nos dias de semana e em tempo integral aos finais de semana.
Entre as medidas, Bolsonaro não poderá utilizar as redes sociais e está proibido de se comunicar com embaixadores e diplomatas estrangeiros, de se aproximar de embaixadas, e entrar em contato com outros investigados da trama golpista. O contato com os filhos Eduardo e Carlos Bolsonaro também está proibida, segundo a determinação.
"Eu não posso falar com Eduardo mais. Qual crime ele está cometendo nos Estados Unidos? Atentando contra a democracia braisleira no parlamento americano?" , ironizou.
Julgamento sobre a tentativa de golpe
Boa parte da fala de Bolsonaro aos jornalistas foi ocupada pelo julgamento das supostas tentativas de golpe de estado em 2022.
"Que golpe é esse em um domingo, sem tropas, sem militares? (...) Golpe de festim", reclamou. Ele também afirmou que toda a investigação começou com uma fala "infundada" do delator Mauro Cid e que, segundo ele, o ministro Alexandre de Moraes começou a procurar motivos para acusá-lo de golpe.
"Quando se tenta dar um golpe no mundo, em poucos minutos todo mundo fica sabendo. Estou a dois anos sendo investigado", afirmou o ex-presidente.
Críticas a Lula
Bolsonaro também teceu críticas as posturas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, para ele, resultaram nas taxações de Trump.
"Eu incomodo desde que saí da presidência eu to na mídia (...) o Lula só aparece quando fala besteira" , disse, afirmando que a perseguição acontece porque, segundo ele, lidera as pesquisas de intenção de votos nas eleições de 2026.
"Ele [Lula] fica o tempo todo alfinetando o governo americano. (...) ele espera o que, que seja tratado com cordialidade?", ironiza.
Ao comentar sobre a carta de Trump enviada a ele, Bolsonaro acha que foi lembrado pelo estadunidense por terem se dado bem no passado: "Ele tem um carinho especial por mim, fizemos um bom governo juntos durante dois anos", explica.
(Fonte: iG)