Setores da economia já perdem ritmo de atividade por coronavírus
14 de março de 2020Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo aponta para queda na produção nos ramos dependentes de insumos vindos do exterior
Especialista vê "tempestade perfeita" contra o PIB – Foto: Fabian Bimmer/Reuters
O ritmo de produção de alguns setores da economia brasileira já foi afetado pelo avanço da pandemia de coronavírus pelo mundo. De acordo com a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), os segmentos de produção mais atingidos até o momento são aqueles dependentes de peças e insumos do exterior.
Os cancelamentos de viagens, hospedagens e eventos também impactam fortemente o turismo, segundo a confederação, que diz estar atenta aos desdobramentos e aos impactos que a pandemia pode provocar.
Roberto Dumas, professor de economia internacional do Insper, classifica os acontecimentos atuais como uma “tempestade perfeita” para barrar o ciclo de crescimento econômico nacional, com a pandemia devastando alguns dos principais parceiros comerciais do Brasil.
“A maior parte da nossa exportação vai para a China, que vai crescer menos. Em sequência, os maiores compradores são os países da União Europeia, que já sofrem com a pandemia. Itália vai entrar em recessão, França vai entrar em recessão e a Alemanha vai entrar em recessão”, avalia Dumas.
Responsável por dois terços da economia nacional, o setor de serviços “é o que mais tende a apanhar” com a disseminação do coronavírus, prevê Dumas. “Esse motor de crescimento do Brasil vai desligar”, lamenta o professor ao estimar um crescimento de, no máximo, 1% neste ano.
A CNC também manifesta a confiança de que os problemas serão superados, com a necessária mobilização coordenada do governo, empresários e da sociedade para as ações preventivas e reativas.
Comércio
No segmento do comércio, a associação que representa os supermercados de São Paulo afirma que as redes estão com os estoques normalizados e o abastecimento de produtos acontece com fluxo normal.
“Há uma maior procura por itens de prevenção, como álcool em gel, porém toda a cadeia de abastecimento vem trabalhando para que os itens não faltem nas prateleiras e, além disso, se mantenha um equilíbrio de preço nos pontos de vendas”, relata a Associação Paulista de Supermercados (Apas).
Nesta segunda semana de abril, o faturamento das vendas do comércio saltou 0,7% em comparação com período semelhante do ano passado, de acordo com um levantamento da Cielo.
No período, os destaques ficaram por conta dos supermercados (+18,6%) e das farmácias e drogarias (+12,6%). Por outro lado, o faturamento das atividades ligadas ao transporte e turismo despencou 28,5%.
Valedoitaunas/Informações R7