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Sesa prevê para julho abertura de mais de 560 leitos de UTI para covid-19, no Espírito Santo

23 de abril de 2020

Dos 177 leitos de UTI que a rede estadual de saúde dispõe atualmente para tratamento da doença, 110 já estão ocupados, segundo a Sesa

Sesa prevê para julho abertura de mais de 560 leitos de UTI para covid-19, no Espírito SantoFoto: Divulgação

Para tratar de pacientes infectados ou com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) pretende criar um total de 563 leitos de UTI, na rede pública, em todo o Espírito Santo. No entanto, a previsão é que todos esses leitos estejam à disposição da população somente a partir de julho.

Desde 6 de março, quando houve a confirmação do primeiro caso de covid-19 no Estado, 177 leitos de UTI exclusivos para tratamento da doença foram abertos na rede pública. Desses, 110 já estavam ocupados até o final desta quarta-feira (22).

"Nós estamos sempre atentos e preocupados com essa taxa de ocupação. Ela tem um limite para nós. No momento em que ela ultrapassa um percentual muito alto de ocupação, nós vamos ativar outras reservas que a secretaria tem. Ontem nós tínhamos confirmados, na rede hospitalar estadual, 50 pacientes com covid-19 e outros 60 que estavam em investigação", afirmou o subsecretário de vigilância em Saúde da Sesa, Luiz Carlos Reblin, que, no entanto, não soube informar quantos dos leitos de UTI para as demais enfermidades estão ocupados atualmente.

O médico intensivista Antônio Viana atua em UTIs de diversos hospitais públicos da Grande Vitória. Ele relata a dificuldade que os intensivistas têm enfrentado diante da pandemia e pede a abertura de mais leitos com urgência no Estado.

"Esperar nunca é uma solução nesses casos. Então o ideal era que nós já estivéssemos sim preparados estruturalmente com uma quantidade maior de leitos. Ainda mais nesse período agora, que está começando a ter a interiorização da doença, ou seja, a gente vai sobrecarregar mais ainda esses leitos, que já são sobrecarregados naturalmente", destacou Viana.

Em um pronunciamento feito no início da noite desta quinta-feira (23), o governador Renato Casagrande informou que, até o fim do mês, a previsão é que o Espírito Santo tenha à disposição mais de 300 leitos na rede pública.

"Estamos credenciando mais leitos de UTI em hospitais filantrópicos, que são hospitais parceiros, não só agora, mas em todos os momentos. Estamos num processo de negociação também com hospitais privados do estado. Vamos abrir, dentro de uma semana praticamente, mais de 300 leitos de UTI, especialmente nessa parceria com os hospitais filantrópicos, mas também estamos debatendo com outros hospitais a ampliação desse número de leitos, para que a gente mantenha a assistência aos capixabas", ressaltou Casagrande.

Pico da pandemia no ES

De acordo com a Sesa, o pico de transmissões do novo coronavírus no Espírito Santo deve durar entre seis e oito semanas. O subsecretário de vigilância em Saúde admite que o avanço acelerado do número de casos está apenas começando.

"O pico inicia agora, nós vamos elevar o número de casos até maio e vai permanecer um platô. O pico não significa que vai subir e descer imediatamente. Ele vai ter um platô, os casos vão permanecer durante seis a oito semanas, é o que aconteceu mundialmente. E durante essas seis a oito semanas nós vamos estruturando os leitos para ir atendendo às necessidades que surgirem daí", afirmou Reblin.

No entanto, até a segunda quinzena do mês, nenhum novo leito de terapia intensiva tinha sido criado pela secretaria. Os hospitais públicos ofertavam 602 vagas em UTIs.

"A gente sabe que foi uma coisa súbita. Se todo mundo soubesse que haveria isso, todo mundo podia ter se preparado já com leitos com respiradores, todo mundo tinha construído mais enfermarias, todo mundo tinha comprado mais máscaras. Mas o mundo inteiro está atrás das mesmas coisas. Então a gente há de entender que pode haver encomenda e não chegar no prazo", frisou a médica infectologista Filomena Alencar.

Isolamento social

A infectologista também reforça a importância do isolamento, apesar da liberação de atividades na maior parte dos municípios capixabas. "Quanto mais pessoas estiverem desprotegidas por mim, ou porque elas mesmas estão andando nas ruas, a gente vai ter muito mais casos e elevar muito a necessidade de leitos hospitalares. E o Estado, quanto mais conta faz, mais tem que mudar as contas, porque as pessoas não estão respeitando o distanciamento social", ressaltou Filomena.

Especialistas afirmam que frear o avanço da doença é fundamental para garantir atendimento a todos os pacientes graves de covid-19 e para que não venham a faltar até mesmo profissionais de saúde para o enfrentamento à pandemia.

"Um colega se afasta, imediatamente a gente tem que chamar o sobressalente na escala. A gente já está começando a convocar médicos de outras especialidades, cirurgiões gerais e tudo mais, mesmo não tendo a formação de terapia intensiva para trabalhar nesses lugares. Mas apesar de não ter formação, eles estão aptos para isso, com pacientes críticos, e a gente já está começando a ter uma convocação de outros profissionais para essas áreas", afirmou Viana.

Valedoitaúnas/Informações Folha Vitória



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