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Senado aprova projeto que cria marco legal das ferrovias

06 de outubro de 2021

Texto segue para análise da Câmara dos Deputados

 Senado aprova projeto que cria marco legal das ferroviasTexto segue para análise da Câmara dos Deputados – Foto: 1Bilhão Educação Financeira

Em votação simbólica, o Senado aprovou nesta quarta-feira (6) o projeto de lei que cria o marco legal das ferrovias brasileiras. O texto traz como novidade a autorização, regime pelo qual não há necessidade de licitação para uma empresa explorar o transporte nos trilhos, ao contrário do regime de concessão, que vai continuar.

No Senado desde 2018, o projeto é de autoria do senador José Serra (PSDB-SP) e teve como relator o líder da minoria, senador Jean Paul Prates (PT-RN). Com a demora na tramitação, o governo resolveu editar uma medida provisória semelhante. Desde então, recebeu mais de dez manifestações de interesse da iniciativa privada, com investimentos superiores a R$ 60 bilhões.

Os senadores protestaram e chegaram a um acordo com o governo: a votação do projeto seria acelerada e o Congresso deixaria a MP caducar, após 120 dias de vigência. No fim, valerá o texto votado no Legislativo, que ainda precisa passar pela Câmara.

Pelo projeto aprovado no plenário e que ainda passará pela Câmara, a autorização para exploração de ferrovias será formalizada em contrato que pode durar de 25 a 99 anos. O texto também prevê a autorregulação, que permite às operadoras se associarem voluntariamente para regular entre si o trânsito de pessoas e de mercadorias nas suas linhas férreas. Caberá ao governo decidir em casos de conflito não conciliados consensualmente.

"Este projeto foi amplamente discutido com todos os agentes e usuários, o governo e reguladores de países com setores ferroviários recentemente modernizados. Esperamos, com ele, municiar de instrumentos qualquer governo para que possa atrair novos investimentos, evitar a concentração de mercado e promover uma concorrência saudável que favoreça os usuários"< disse Jean Paul Prates.

Outra novidade da proposta é a garantia da segurança jurídica, harmonizando a legislação do setor no país. O texto será válido para todo território nacional, para evitar multiplicidade e conflitos de regras em níveis federal, estadual e municipal. A versão original do projeto de lei e a MP do Executivo não tratavam disso.

Um ponto causou um debate mais longo durante a apreciação do projeto pelos senadores: a concessão de preferência para concessionários, por cinco anos, obterem o direito de autorização de novas ferrovias em áreas de influência da concessão já existente.

O líder do governo no Senado, Fernando Bezerra (MDB-PE), disse que esse trecho afetaria a Transnordestina e poderia prejudicar R$ 20 bilhões em investimentos que tiverem suas autorizações solicitadas até a promulgação da lei.

O relator e o líder do governo entraram em um acordo para manter os cinco anos de preferências, mas excetuar essas autorizações ferroviárias já realizadas.

Uma das alterações aprovadas durante a votação, de autoria da senadora Katia Abreu (PP-TO), teve como objetivo garantir o chamado "direito de passagem", ou seja, o acesso de terceiros a malhas de titularidade alheia, sob remuneração, diante de ociosidade da ferrovia. O destaque, no entanto, só vale para concessões, e não para autorizações.

"Uma das Parlamentares que brigou muito por esse texto é a Senadora Kátia Abreu. E, conversando com ela, tem um destaque dela, que ela estava disposta a fazer um entendimento em relação ao direito de passagem, para que fique restrito apenas às concessões e não às autorizações", disse o líder do governo no Senado, Fernando Bezerra.

Mesmo com a inclusão do seu destaque, Katia Abreu criticou a aprovação da proposta.

"O senado acaba de permitir que as ferrovias já concessionadas pelo poder público possam ser transferidas para o sistema de autorização. Respeito o resultado mas o futuro dirá se fizemos bem. Eu me manifestei contrária", afirmou Katia em suas redes sociais.

Em nota, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) disse que a aprovação do marco é um avanço para a infraestrutura e a economia do país e deve ajudar a melhorar a eficiência do transporte ferroviário.

“O novo marco é um importante caminho para a modernização do setor ferroviário brasileiro, que hoje é marcado pela baixa utilização e falta eficiência na maior parte da malha”, apontou.

Valedoitaúnas (iG)



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