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Sem caixões, Equador enterra vítimas do Covid-19 em caixas de papelão

06 de abril de 2020

Diante de descontrole no país, Associação de Papeleiros doou cerca de 1.000 itens para dois cemitérios de Guayaquil

Sem caixões, Equador enterra vítimas do Covid-19 em caixas de papelãoFuncionários retiram um cadáver da calçada do Hospital Teodoro Maldonado Carbo, em Guayaquil – Foto: Reuters

A situação do Equador diante da epidemia de coronavírus está chocando o mundo. Após vídeos que mostram cadáveres pelas ruas de Guayaquil, no sudoeste do Equador, a cidade sofre com a falta de caixões. As vítimas da Covid-19 serão enterradas em caixas de papelão, desobedecendo às normas sanitárias do governo.

Guayaquil, centro econômico do Equador, é a cidade mais castigada pelo coronavírus no país. A localidade recebeu uma doação de mil caixões de papelão da Associação de Papeleiros equatoriana, que foi entregue a dois cemitérios da localidade. "É para que possam cobrir a demanda de caixões, que estão em falta na cidade ou são extremamente caros", disse um porta-voz do conselho de Guayaquil.

A província de Guayas, que está cercada por militares e cuja capital é Guayaquil, registra a maior incidência da Covid-19 no país. Até agora foram contabilizados 2.524 infectados na cidade, entre eles 126 mortos. A região está sob toque de recolher diário de 15 horas.

Já o Equador registra 3.646 casos e 180 mortos no total. Diante da dificuldade de conter o contágio em massa, o governo fechou as escolas, estabeleceu o home office, limitou o tráfego de veículos, decretou estado de exceção e bloqueou as fronteiras.

Desrespeito às normas sanitárias

Os caixões de papelão não atendem às normas sanitárias do governo para o enterro de vítimas da Covid-19. Mas, diante de corpos sendo empilhados nas ruas, parece não haver outra solução no momento. No Twitter, a Prefeitura de Guayaquil afirmou que a alternativa é "uma grande ajuda para proporcionar uma sepultura digna aos mortos durante esta emergência sanitária".

Proprietários de funerárias confirmam a falta de caixões de madeira para os enterros. "Vendi 40 que tinha na sucursal do Centro e outros 40 em outra sede. Pedi mais 10 para o fim de semana e já acabaram", afirma Santiago Olivares, dono de um estabelecimento de materiais fúnebres.

No porto de Guayaquil, os caixões estão sendo vendidos por preços a partir de US$ 400. No entanto, na cidade, os fornecedores não conseguem atender à demanda. "Devido ao toque de recolher, não há fornecimento suficiente de material", explicou Olivares.

Desrespeito à quarentena

Segundo o presidente equatoriano Lenin Moreno, ao menos 40% das pessoas contaminadas pelo coronavírus não respeitaram o isolamento imposto aos doentes. São "pessoas sem consciência de seu estado, em alguns caso. E em outros casos, são irresponsáveis porque foram declarados positivos por testes médicos ou são suspeitos de terem o coronavírus e deixam suas casas, não respeitam a quarentena".

No sábado (4), em pronunciamento transmitido em cadeia nacional de rádio e televisão, o presidente apresentou um mapa que mostra os trajetos feitos por pessoas contaminadas, sem dar detalhes de como os dados foram obtidos. Moreno ordenou "a utilização desta ferramenta para realizar medidas de controle e impedir a livre circulação de contaminados".

Já o vice-presidente equatoriano, Otto Sonnenholzner, pediu desculpas públicas pela deterioração da imagem internacional do país. Nas redes sociais, vídeos compartilhados em todo o mundo mostram corpos espalhados pelas ruas de Guayaquil. Militares foram acionados para retirar cerca de 150 corpos abandonados na cidade.

Sonnenholzner, que dirige o Comitê de Operações de Urgência, criado para enfrentar a crise sanitária, também apresentou condolências a "todas as famílias que perderam pessoas queridas". O vice-presidente fez um apelo para que a população respeite as medidas estabelecidas pelo governo. "Não podemos desrespeitar o toque de recolher e o confinamento", declarou.

Valedoitaunas/Informações EPOCA



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