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Segunda dose da vacina da gripe passa a ser recomendada para idosos

12 de setembro de 2022

Sociedade Brasileira de Imunizações orienta a aplicação em pessoas com mais de 60 anos e busca reduzir queda da proteção

Segunda dose da vacina da gripe passa a ser recomendada para idososFoto: Divulgação

Devido à queda na imunidade com o tempo, especialistas da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) passaram a recomendar uma segunda dose anual da vacina contra o vírus Influenza, causador da gripe, para grupos considerados de maior risco para desfechos mais graves da doença. A decisão, anunciada nessa sexta-feira (8), não se trata de uma diretriz formal que será encaminhada ao Ministério da Saúde, mas sim de um aval para que casos específicos, que se beneficiam da aplicação, sejam orientados a buscarem um reforço.

"O que estamos colocando é uma possibilidade de recomendar uma segunda dose, a partir de três meses após a primeira, para idosos, pessoas com comorbidades e imunossuprimidos, que estão em maior risco de casos graves pela gripe. É um aval da SBIm para que isso seja recomendado. Isso porque, ao longo de seis meses, praticamente já não há mais proteção, só que essa queda é mais brusca e mais intensa nessas populações de risco, que são os que mais têm Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) e morte pela gripe", explica a presidente da Comissão Técnica para a Revisão dos Calendários Vacinais da SBIm, Mônica Levi.

A orientação segue a mesma lógica adotada na ampliação dos reforços da vacina da Covid-19. Por estes grupos naturalmente apresentarem uma resposta mais fraca aos imunizantes, a nova aplicação traz benefícios para garantir a proteção contra hospitalizações e óbitos pela gripe.

Mônica acrescenta que a recomendação abrange também pessoas consideradas em “situação epidemiológica de risco”, como aquelas que vão viajar para países do Hemisfério Norte e, por isso, enfrentarão um inverno – temporada de aumento da gripe – fora de época e distante da campanha no Brasil.

Ela explica que os casos variam de forma individual, e que a decisão da SBIm é como uma chancela para que os médicos orientem a segunda aplicação nestas situações em que uma nova dose é benéfica para ampliar a proteção. Um dos fatores que motivaram a recomendação, diz Mônica, foi o surto inesperado da doença no fim do ano passado.

"Nós tivemos um surto fora de época em novembro e dezembro, e muitas pessoas que se vacinaram em março e abril já não estavam mais protegidas. No caso do ano passado foi uma cepa diferente, mas o cenário reforçou essa preocupação com a queda da imunidade. Então foi um motivo para discutirmos isso dentro da SBIm, sobre a possibilidade de fazermos uma segunda dose para esses grupos de risco", destaca a especialista.

Cobertura com uma dose está longe do ideal

Por se tratar de uma orientação extra, a sociedade não busca ainda que a diretriz seja incorporada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI). A presidente da Comissão Técnica para a Revisão dos Calendários Vacinais da SBIm explica que a prioridade no momento do PNI é garantir ao menos a recuperação da cobertura vacinal com a aplicação única nos grupos prioritários. A taxa está no menor patamar já registrado segundo os dados do Sistema de Informação do Programa de Nacional de Imunizações (SI-PNI).

"Estamos com coberturas vacinais baixíssimas nos grupos de risco, então o PNI neste momento está mais focado em melhorar a adesão à vacina. A prioridade é resolver essa queda. Nós estamos tendo realmente um fenômeno de baixa cobertura. A pandemia agravou, mas é uma situação que já vinha acontecendo antes da Covid-19. Mas precisamos reverter esse cenário que é muito preocupante e ruim para o Brasil, não só em relação à gripe, como para outras doenças que eram controladas e agora ameaçam um retorno, como a poliomielite", alerta Mônica.

De acordo com o SI-PNI, neste ano, apenas 65,6% dos grupos prioritários foram imunizados, percentual distante dos 95% preconizados pelo Ministério da Saúde. Os grupos são crianças de até cinco anos, idosos, trabalhadores da saúde, gestantes, puérperas, indígenas e professores, que juntos contabilizam 54,8 milhões de brasileiros.

Em 2021, o Brasil terminou o ano com uma cobertura de 72,8%. Apesar de ser mais alta que a atual, já havia sido o índice mais baixo em 16 anos, desde o início da disponibilização dos dados pelo SI-PNI, em 2006.Nos registros, embora oscilando, a cobertura permaneceu entre 75% e 95,69% – taxa mais alta registrada em 2020, no primeiro ano de pandemia. Nos últimos dez anos, de 2012 a 2021, a média de cobertura foi de 88,6%, quase 30% superior à de 2022 até agora.

Valedoitaúnas (iG)



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