Secretário de Saúde diz que rede privada deve suspender cirurgias eletivas no ES
12 de março de 2021De acordo com o secretário, uma portaria será publicada no sábado (13).
Secretário e subsecretário participaram de coletiva na manhã desta sexta-feira – Foto: Divulgação/Sesa
O Governo do Espírito Santo vai recomendar que os hospitais particulares suspendam as cirurgias eletivas. A decisão foi comunicada na manhã desta sexta-feira (12) pelo secretário estadual de Saúde, Nésio Fernandes, em coletiva de imprensa sobre o combate ao coronavírus no estado.
"Estamos incrementando a oferta de leitos, repensando protocolos assistenciais. Iremos publicar uma portaria amanhã recomendando que a rede privada suspenda as cirurgias eletivas não essenciais em toda a rede", explicou o secretário.
A recomendação, de acordo com o secretário, é para que não falte leitos para os pacientes que são atendidos pelos planos de saúde, e também para que haja leitos na rede privada que o estado possa contratar para serem usados pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"Para que aumente a disponibilidade de leitos tanto para rede particular quanto rede pública, de modo que possa garantir o acesso a todos os segurados. A norma será uma recomendação explícita aos serviços privados pela suspensão das cirurgias não essenciais", apontou.
Frustração
Nésio definiu como "frustração" o fato de que o estado tem recebido menos vacinas do que seria o necessário para o enfrentamento à doença e redução dos casos e mortes. E disse que, pela falta desse insumo, não será possível vacinar os idosos a partir dos 60 anos de idade ainda neste mês de março.
"Semanalmente temos tido a frustração das quantidades de doses que podem chegar aos estados brasileiros. Essas frustrações fazem com que a expectativa de iniciar a vacinação da população de mais de 60 anos em março também seja frustrada. Entendemos que em abril deveremos estar iniciando a vacinação dessa faixa etária o que reforça a ideia de que o estado persiga a compra de doses complementares da indústria e antecipe a vacinação da nossa população", disse.
O secretário também afirmou que o estado tem pretensão de comprar as próprias vacinas para adiantar o calendário nacional de imunização.
"Nossa meta é, sim, comprar vacina na indústria para vacinar toda a população de 30 anos ainda nesse semestre, mas a negociação com a indústria é complexa, e envolve geopolítica, distribuição de vacinas, exigências legais", explicou.
60 anos
“É o grupo que mais interna no estado e que mais vai a óbito, mas a não garantia das doses torna praticamente inviável o início da vacinação da população acima dos 60 anos em março. A não ser que haja uma reviravolta e o ministério encaminhe uma dose muito maior de doses. Temos 560 mil pessoas nessa situação. A parte maior da população está exatamente de 60 a 75 anos, precisaremos de muitas vacinas para iniciar. Estamos torcendo para isso que aconteça", pontuou o subsecretário de Vigilância Epidemiológica, Luiz Carlos Reblin, também presente na coletiva.
Tempo de internação
O secretário Nésio Fernandes esclareceu que o momento crítico de internações pelo qual o estado passa – já são mais de 83% dos leitos ocupados de acordo com a atualização desta quinta (11) - não se compara ao momento crítico que o estado viveu em meados do dia 5 de julho do ano passado, quando a taxa de ocupação dos leitos de UTI destinados a pacientes com Covid-19 chegou a 86,58%.
"A ocupação não representa momento crítico conforme 5 de julho do ano passado, quando as internações em UTI duravam de 8 a 9 dias. Neste momento, pacientes com a mesma característica clínica estão durando 12 dias nas UTIs. O aumento do tempo de permanência faz com que a mesma quantidade de leitos utilizadas no momento anterior seja usada por menos pacientes", explicou o secretário.
Nésio pontuou, ainda, que a expansão dos leitos, conforme foi na primeira onda, já não atende esses pacientes da segunda onda, que demandam mais dias de internação e que, por isso, ocupam os leitos por mais tempo.
"Por isso, a ocupação hospitalar tem um crescimento que não responde ao mesmo momento crítico ao longo da primeira expansão da doença. O aumento do tempo comprova um novo direcionamento do total de leitos necessários para atender toda a demanda necessária que demanda o atendimento público e privado no nosso pais", esclareceu o secretário.
Fechamento total
Mais uma vez, o secretário disse que o governo não descarta a possibilidade de realizar o fechamento total de todas as atividades sociais e econômicas no estado.
"Não descartamos a possibilidade de realizar o lockdown no nosso estado, de tomar medidas rígidas. Toda a expedição que questione e deslegitime as medidas de distanciamento pré-colapso acabam prejudicando o enfrentamento à pandemia. Já tivemos ao longo deste ano a insistência nas teses anticientíficas, negacionistas, que atrapalharam o enfrentamento à pandemia", contou.
O gatilho para adotar medidas mais enérgicas, segundo o secretário, seria a chegada da ocupação de leitos aos 90% em todo o estado.
"Com 90% de ocupação de leitos hospitalares, é gatilho de medidas mais extremas. É a garantia de que o estado não irá decretar medidas extremas. Teremos, com este gatilho de 90% de leitos disponibilizados, e não iremos adotar a medida somente numa situação em que centenas de pacientes aguardam leitos", finalizou.
Valedoitaúnas/Informações G1