Samarco prevê oito anos para recuperar equipamentos afetados pela corrosão após paralisação das atividades
21 de outubro de 2025Da mineração ao petróleo, companhias destacam o impacto da corrosão e os esforços para manter a segurança e a sustentabilidade das operações
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A Samarco estima que levará oito anos para recuperar totalmente os equipamentos e estruturas afetados pela corrosão desde a paralisação de suas atividades em 2015, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). A informação foi compartilhada por Gustavo Paraíso, Coordenador de Integridade Estrutural da empresa, nesta quinta-feira (16), durante o 10º Seminário Espírito-Santense de Corrosão, promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), no Centro de Convenções de Vitória.
De acordo com o Coordenador de Integridade Estrutural da Samarco, o longo período de inatividade da empresa após o rompimento da barragem, criou um passivo de grandes proporções. “Após o rompimento da barragem, ficamos sem operar por um longo tempo, e isso fez com que nossas plantas permanecessem inoperantes por anos. Quando retomamos as operações, nos deparamos com o desafio de recuperar um passivo estrutural e anticorrosivo muito grande”, explicou Gustavo Paraíso.
Desde 2020, a empresa vem conduzindo um processo gradual de retomada. Atualmente, a Samarco trabalha na recuperação das usinas de pelotização 1 e 2, as mais antigas, que concentram parte significativa do passivo.
“Hoje temos cerca de um milhão e quinhentos mil metros quadrados de estruturas a serem tratadas. É um trabalho de longo prazo, que exige alto investimento e precisa ser escalonado. Não dá para virar a chave de um ano para o outro. Imaginamos algo em torno de oito anos para conseguir garantir a conformidade das nossas instalações com relação à proteção anticorrosiva, para sair de um cenário corretivo para um cenário preventivo.”, destacou Paraíso.
O coordenador enfatizou ainda que a Samarco reformulou sua visão sobre o tema, elevando a integridade estrutural e a proteção anticorrosiva a um pilar essencial da sustentabilidade do negócio.
“Mudamos a forma de enxergar essa questão e trouxemos a integridade estrutural para o patamar de uma obrigação. Isso garantiu o investimento necessário para desenvolver um programa de revitalização contínuo. Contamos com empresas parceiras que têm nos ajudado nesse processo, mas ainda é um desafio constante. Precisamos de soluções que aumentem a produtividade e a durabilidade dos serviços, garantindo qualidade ao longo do tempo”, afirmou.
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Petrobras reforça combate à corrosão em plataformas no ES
Durante o seminário, Victor Alves, Coordenador de Engenharia de Equipamentos Estáticos e Inspeção da Petrobras, também destacou os desafios da corrosão no ambiente offshore e as medidas adotadas pela companhia para garantir a integridade e segurança das plataformas.
“Hoje nós temos três campos de petróleo no Espírito Santo, que contemplam 13 plataformas – das quais dez são próprias. Todas estão sujeitas à corrosão, por estarem em ambiente marítimo. Um dos nossos grandes desafios é justamente o controle da corrosão para aumentar a integridade das plataformas, garantindo segurança para os operadores, para o meio ambiente e para a continuidade da produção”, explicou Alves.
De acordo com ele, somente no Espírito Santo, a Petrobras possui cerca de 250 mil metros quadrados de estruturas a serem tratadas e pintadas. “É um trabalho contínuo, que não pode parar. Se você interromper, a corrosão volta. Por isso, precisamos estar sempre vigilantes em relação à integridade dos nossos ativos e estruturas”, reforçou.
Victor Rodrigues apresentou ainda o Programa de Integridade das Instalações Offshore (PINT), que unifica todas as iniciativas de integridade das unidades marítimas da área de Exploração e Produção da Petrobras.
“O PINT veio para reunir em um só programa as ações voltadas à integridade dos nossos ativos. São avanços nos procedimentos e nas tecnologias aplicadas, que aumentam a eficiência dos serviços e, consequentemente, a segurança das unidades. Cuidar da integridade dos equipamentos é também cuidar das pessoas”, concluiu.
10º Seminário Espírito-Santense de Corrosão
Promovido pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas e de Material Elétrico do Espírito Santo (Sindifer), o Seminário Espírito-Santense de Corrosão chega à sua décima edição consolidado como o terceiro maior seminário de corrosão do país, reunindo especialistas, empresas e pesquisadores para debater o impacto da corrosão no Brasil e no mundo e avanços tecnológicos que estão transformando o setor.
Ao longo dos dois dias de programação, o seminário apresenta palestras técnicas, estudos de caso e painéis sobre novas tecnologias de proteção, revestimentos e monitoramento, consolidando o Espírito Santo como um dos principais polos de referência nacional no combate à corrosão. O evento também conta com feira de expositores e rodada de negócios para aproximar profissionais, empresas e instituições de pesquisa, estimulando parcerias estratégicas e novos projetos.