Samarco deve pagar R$ 557 milhões em multas ambientais até dezembro
16 de novembro de 2024O repasse dos valores faz parte das obrigações assumidas pela empresa no novo acordo da Bacia do Rio Doce
Foto: Secom/Governo do ES
A mineradora Samarco, responsável pela tragédia do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, em novembro de 2015, deverá pagar R$ 557 milhões para a União até o mês que vem em multas ambientais. A informação é da Advocacia-Geral da União (AGU).
O repasse dos valores faz parte das obrigações assumidas pela empresa no novo acordo da Bacia do Rio Doce, assinado no último dia 6 no plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). As multas são aplicadas por órgãos ambientais e além da Samarco também são aplicadas à Fundação Renova.
As penalidades são aplicadas pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e pelo Comitê Interfederativo (CIF), por danos socioambientais e descumprimento de obrigações de reparação de prejuízos causados pelo rompimento.
Segundo a AGU, até a assinatura do novo acordo, as mineradoras resistiam ao seu efetivo pagamento, o que contribuiu para a continuidade de dezenas de processos judiciais de cobrança conduzidos pelo órgão.
O novo acordo define que a Samarco quite valores relativos às multas até o dia 31 de dezembro. As multas aplicadas pelo CIF estão em fase de cobrança judicial e totalizam R$ 79 milhões.
Já as que devem ser pagas junto ao Ibama já estão em execução judicial, e somam R$ 413 milhões. Há ainda duas multas do ICMBio, uma judicializada e outra em fase administrativa, que juntas têm o valor de R$ 65 milhões.
Apesar disso, a AGU prevê desconto de 10% nas transações que envolvem as multas do CIF e outros 50% nas dos órgãos ambientais. Todas as multas deverão ser pagas à vista pela Samarco.
De acordo com adjunto do advogado-geral da União, procurador federal Júnior Fideles, o pagamento das multas serviria como forma de amenizar os impactos sociais e ambientais causados pela mineradora por conta do desastre.
Além disso, o dinheiro pode ser utilizado para novas políticas de prevenção de desastres.
"A quitação contribui para assegurar o poder de polícia do Estado na repressão a infração administrativas, desincentiva novas infrações e gera receita para os cofres da União que podem ser aplicadas em políticas públicas ambientais”, afirmou.
A renda dos pagamentos será revertida ao Fundo Nacional do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA). Os valores não integram o montante global do Novo Acordo da Bacia do Rio Doce, que prevê o repasse de R$ 100 bilhões à União, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios atingidos pela tragédia.
Além disso é necessário que a empresa pague indenizações individuais a parte das pessoas atingidas pela tragédia. O valor a ser gasto no cumprimento dessas obrigações está estimado em R$ 32 bilhões.
A mineradora tem até o dia 6 de dezembro para o pagamento das multas aplicadas pelo CIF e até o dia 31 para quitação das infrações junto aos órgãos ambientais.
O não pagamento acarretará na continuação da cobrança judicial, além de extinguir a possibilidade de descontos. Também há penalidades previstas no texto do novo acordo, a exemplo de multa de 2% sobre o valor em atraso, mais 1% de juros moratórios ao mês nas hipóteses de obrigação de pagar.
O que diz a Samarco
Por meio de nota, a Samarco afirmou que realizará o pagamento das multas no prazo estipulado pelos órgãos.
"A Samarco realizará o pagamento das multas ambientais decorrentes do rompimento, conforme disposição do Acordo de Repactuação, homologado pelo STF", informou a mineradora por nota.
(Fonte: Folha Vitória)