Reabertura econômica é impossível sem o controle da Covid-19, diz ONU
30 de julho de 2020Organizações internacionais apontam risco na reabertura econômica ainda sem o controle da pandemia; fome pode aumentar na América Latina
Coletiva de imprensa 'Saúde e Economia para Enfrentar Covid-19' da Cepal, braço da ONU na América Latina – Foto: Reprodução YouTube
Não há reabertura econômica possível sem controle da curva de contágio e um plano claro que evite uma segunda onda de contágio da Covid-19, com reforço de testagem, rastreamento de contatos e isolamento social, alertou nesta quinta-feira (30) a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), em coletiva virtual com a Organização Pan-Americana para a Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS) nas Américas.
A Cepal é uma das cinco comissões regionais da Organização das Nações Unidas (ONU).
As duas instituições apresentaram um relatório conjunto no qual alertam sobre os efeitos devastadores da pandemia na economia da região. Elas defendem que uma mudança na estratégia de desenvolvimento é essencial para a recuperação econômica inclusiva e sustentável na América Latina e no Caribe diante da crise aberta com o novo coronavírus.
“Não se pode falar em abertura econômica sem que a curva de contágio da Covid-19 esteja controlada”, afirmou Alicia Bárcena, secretária-executiva da Cepal, em coletiva de imprensa virtual nesta quinta-feira.
Segundo o comando da Cepal, a região das Américas registrou uma média de mais de 140 mil novos casos diários de Covid-19 na última semana
“A escolha entre saúde e reabrir a economia é falsa”, disse Alicia. Não há dilema entre economia e saúde. Primeiro, a saúde.
A diretora da Cepal lembrou que essa é a pior crise em um século, que supõe mais de uma década perdida, com intensificação das desigualdades em que uma região já desigual. Além disso, alertou, o PIB terá retrocedido dez anos ao final de 2020 e, os níveis de pobreza, voltarão aos de 14 anos atrás.
“A taxa de desemprego alcançará 13,5% (na região) e haverá 44 milhões de desempregados, o que aumenta o risco de segmentação, precarização e polarização nos mercado de trabalho. Estima-se, também, que 2,7 milhões de empresas fechem as portas”, alertou.
Ela reforçou ainda, sobre o risco de uma crise alimentar com o aumento da vulnerabilidade da saúde, com mais de 96 milhões de pessoas em situação de pobreza extrema (11,8% da população urbana e 29% da população rural).
“Os governos locais têm tomado medidas importantes, mas insuficientes para dar conta da magnitude desse abismo. O risco de uma crise alimentar é real”, afrmou Alicia Bárcena.
As vulnerabilidades são notadas, especificamente, em grupos com acesso limitado à saúde, como trabalhadores informais, mulheres, povos indígenas, negros, pessoas com necessidades especiais e imigrantes.
Valedoitaúnas/Informações iG