Quem é o deus-macaco indiano que simbolizou a entrega das vacinas de Oxford à Fiocruz
25 de janeiro de 2021Na mitologia hindu, entidade trouxe uma montanha inteira para ajudar a curar um ferido. Imagem foi lembrada pelo cônsul-geral honorário indiano em cerimônia no Rio
Estátua de deus hindu é entregue pelo cônsul indiano no Rio como presente à Fiocruz, celebrando parceria pela vacina – Foto: Reprodução/GloboNews
Hanuman, um dos deuses mais populares do hinduísmo, se tornou o símbolo da parceria entre Índia e Brasil na vinda das vacinas de Oxford/AstraZeneca produzidas no Instituto Serum.
O deus-macaco foi citado na cerimônia de recepção da primeira remessa do imunizante, na Fiocruz, no sábado (23).
O Brasil recebeu um lote de dois milhões de doses do Serum. No RJ, ficaram 185 mil, que começam a ser repartidas na segunda-feira (25). A Prefeitura do Rio espera aplicá-las a partir de quarta-feira (27).
Hanuman é retratado na mitologia hindu como um ser musculoso com cabeça de macaco, dotado de superpoderes. A ele são associadas virtudes como heroísmo, altruísmo e devoção. Também há inúmeros templos em sua homenagem.
Hanuman com uma montanha na mão para salvar o irmão de um príncipe – Foto: Reprodução
A lenda aparece nos versos do Ramáiana, épico que traz ensinamentos dos antigos sábios hindus.
Hanuman é conhecido na Índia politeísta como "o deus das causas impossíveis" — tal qual Santo Expedito é para os católicos.
O heroísmo de Hanuman
A história conta que Hanuman foi fundamental em uma batalha entre o príncipe Rama e o rei-demônio Rávana.
Na cerimônia em que os primeiros brasileiros tomaram uma dose da AstraZeneca, o cônsul-geral honorário da Índia no Rio, Leonardo Ananda Gomes, levou um pouco da mitologia de Hanuman.
"Rama era um ser humano cheio de virtudes e conquistou o coração de uma linda princesa da região, Sita", narrou Ananda. "Rávana, com ciúmes e inveja de Rama, sequestrou Sita e a levou para Lanka — onde hoje é o Sri Lanka".
Ananda prosseguiu: “Rama, com o irmão Lakshmana, fez contato com Hanuman, que convocou um exército para salvar Sita. Durante a batalha, Lakshmana foi gravemente ferido com uma flecha venenosa”.
A cura de Lakshmana dependia de uma erva medicinal que só crescia no topo do Himalaia, explicou o cônsul:
“Hanuman voou até lá, mas o deus não tinha conhecimento científico e não sabia qual erva era adequada para tratar Lakshmana. Ele resolveu trazer toda a montanha".
Então, com toda a montanha, acharam a erva e salvaram o irmão de Rama.
O cônsul também presenteou o Instituto Fiocruz com uma pequena estátua do deus-macaco.
"Esse é um momento muito simbólico, onde a Índia está auxiliando uma nação-irmã" (...) Estamos aqui na Fiocruz vendo os profissionais realizando o lindo dharma (missão) de salvar vidas, iniciado com uma vacina de origem indiana. A Índia se orgulha muito dessa parceria", disse o cônsul.
Estátua de Hanuman em Paritala, na Índia – Foto: Reprodução
Valedoitaúnas/Informações G1 RJ