Quatro empresas compram 11 áreas de sal-gema no Norte do ES
23 de setembro de 2021As áreas de sal-gema localizadas no Norte do Espírito Santo e que fizeram parte da 4ª Rodada da Agência Nacional de Mineração (ANM) foram arrematadas em leilão
Jazidas de sal-gema no Espírito Santo têm cerca de 12 bilhões de toneladas; áreas podem ir a leilão – Foto: Freepik
As 11 áreas de sal-gema no Norte do Espírito Santo, foram arrematadas por quatro empresas. Ganharam o leilão da quarta rodada da Agência Nacional de Mineração (ANM) as empresas Dana Importação e Exportação LTDA, José Augusto Castelo Branco, Pedras do Brasil Comércio Importação e Exportação LTDA e Unipar Carbocloro S.A e ficarão responsáveis por explorar as áreas que ficam Conceição da Barra, onde está localizada a maior jazida da América Latina. As informações são da Assembleia Legislativa do ES.
O resultado do certame confirma o potencial de desenvolvimento dessa atividade econômica no Estado, conforme a Federação das Indústrias do Espírito Santo (Findes) já vinha debatendo e estimulando.
Para a presidente da Findes, Cris Samorini, o interesse dos investidores é um excelente sinal para o Espírito Santo, que poderá receber mais de R$ 170 milhões em investimentos no período de três anos, apenas na fase de pesquisas.
Cris lembra que a previsão de injeção de recursos na economia capixaba foi feita pela diretora da ANM, Débora Puccini, que esteve em agosto no painel “Exploração mineral de sal-gema – Oportunidades para o Espírito Santo”, evento realizado pela Findes.
“Vamos ter a oportunidade de finalmente começar a explorar uma riqueza que há décadas existe no Estado. E isso é muito bom, já que o desenvolvimento dessa atividade no Espírito Santo pode ter reflexos sobre iúmeras cadeias da indústria. O sal-gema pode ser aplicado, por exemplo, na produção de PVC, de baterias, de defensivos agrícolas, de tecidos, vidros, metalurgia, entre tantos outros produtos. Nós estimulamos o debate antes do leilão e vamos continuar dando suporte para fortalecer e qualificar mais uma atividade econômica no Espírito Santo”, enfatizou Cris Samorini.
Agora, com a divulgação do resultado, vão ser iniciados trâmites como interposição de recursos, análises dessas contestações, entre outras avaliações. A publicação do ato de homologação do resultado está marcada para 29 de outubro.
Entenda a diferença
O sal-gema vem debaixo da terra e tem a mesmo “DNA” (cloreto de sódio) de seu “irmão caçula” e mais conhecido: o sal marinho, geralmente transformado em sal de cozinha. A diferença está na maneira como se formam – o tempero que consumimos no dia a dia geralmente vem do mar e surge a partir da evaporação da água represada pelo homem.
Esse processo é infinitamente mais rápido quando comparado à formação do “irmão mais velho”, também conhecido como sal fóssil. Nesse caso, a evaporação e formação das rochas teve início há 120 milhões de anos, quando houve a deposição de sal, explica o professor do Departamento de Geologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Paulo de Tarso Ferro de Oliveira Fortes. As camadas levaram cerca de 500 mil anos para serem formadas naturalmente.
De acordo com o geólogo, o sal-gema é encontrado no mundo todo. As rochas achadas no Estado estão em camadas com até 2 mil metros de profundidade e apresentam boa pureza. Enquanto o sal marinho é geralmente usado no consumo humano e de animais, o sal-gema, que existe em quantidades maiores, é empregado sobretudo na indústria química.
Trata-se de uma matéria-prima versátil, usado na fabricação de cloro, soda cáustica, ácido clorídrico e bicarbonato de sódio; na composição de produtos farmacêuticos; nas indústrias de papel, celulose e vidro; e em produtos de higiene, tais como sabão, detergente e pasta de dente. É empregado também no tratamento da água e nas indústrias têxtil e bélica.
O sal-gema é uma rocha composta basicamente por halita (NaCl) e não pode ser confundido com sal de potássio (KCl), geralmente usado para produzir fertilizantes.
Extração
A extração é feita de duas formas: quando as camadas são mais superficiais e horizontalizadas o sal é lavrado com maquinário no subsolo.
Mas se as formas são mais profundas, é utilizada a lavra por dissolução. “Você faz um poço, injeta água, esse sal que está lá é dissolvido e você bombeia de volta. Aí vai para uma usina de beneficiamento”, explica o professor Paulo de Tarso.
Esse é inclusive o método sugerido para extrair o mineral do solo capixaba, conforme relatório final apresentado pela Petromisa à época.
Valedoitaúnas