Produtores se reúnem com Bolsonaro e dizem que preço da soja continuará alto
28 de outubro de 2020Setor explica que oferta deve se normalizar com entrada de nova safra, mas ponderou que preços internacionais ainda estão subindo
Mercado exterior afeta diretamente o preço da soja no mercado interno – Foto: Divulgação/Ministério da Agricultura
Em reunião com o presidente Jair Bolsonaro nesta terça-feira (26), representantes do setor de soja afirmaram que o cenário de alta dos preços do produto continuar no ano que vem. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove), os preços internacionais devem continuar subindo em 2021, o que deve contribuir para manter os preços da soja no mercado interno.
No início do mês, o presidente se sentiu incomodado com a alta dos preços da soja e disse que iria se reunir com os produtores do produto para “ver como fica essa questão de atender o mercado interno”. Foi essa reunião que aconteceu nesta terça-feira.
Durante o encontro, a Abiove mostrou a situação do mercado de soja para o presidente, o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque e a ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Em nota, a associação disse que o período de entressafra e o aumento da demanda no exterior contribuem para o aumento atual dos preços.
“A entidade reforçou que 2020 foi um ano de grande aumento da produção de soja e de seus derivados, comprovando que não há falta de produto. E que a demanda internacional por soja em grãos ao longo deste ano foi também muito elevada, o que contribuiu com o aumento dos preços da commodity e gerou alta nos valores dos processados”.
Na reunião, a associação ainda ressaltou que o crescimento dos mercados de biodiesel e carne são o “melhor estímulo” para a industrialização da soja no Brasil "garantindo o fornecimento de derivados em momento de alta demanda, como o que vivenciamos ao longo deste ano".
A expectativa da associação para 2021 é que o recorde de produção seja renovado e que a disponibilidade do produto deve voltar ao normal em janeiro.
“Também foi explicado que o Brasil está no período de entressafra de soja e, portanto, de menor disponibilidade da oleaginosa no mercado. Fator que também contribui para a redução na disponibilidade do produto e a respectiva alta dos preços. Este cenário, no entanto, tenderá a ser normalizado em janeiro, quando começará uma nova safra”.
Logo depois que Bolsonaro anunciou que iria se reunir com o setor, o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja), Bartolomeu Braz, que não participou da reunião, disse ao Globo que a saída para não faltar produto é aumentar a produção. Na ocasião, ele cobrou incentivos do governo para aproveitamento de áreas degradadas.
Já no dia 16 de outubro, a Câmara de Comércio Exterior (Camex) decidiu zerar as tarifas de importação de milho e soja em uma tentativa de incentivar a compra de produtos de fora e equilibrar o mercado interno. A medida deve vigorar até o início de 2021. Ainda em setembro, a Camex já havia decidido retirar as tarifas sobre o arroz, em meio a uma alta do preço do alimento.
Valedoitaúnas/Informações iG