Produtores adaptam práticas de plantio direto para cultivar mandioca
03 de julho de 2021Técnicas buscam reduzir necessidade de revolvimento do solo para conter emissões de gases do efeito estufa associadas ao plantio das raízes
Considerada uma cultura "nômade", mandioca apresenta melhor desempenho quando plantada em pasto degradado desde que a área não tenha recebido lavouras do tubérculo nos últimos dez anos – Foto: Divulgação)
Comum nas lavouras de soja e milho, o plantio direto, técnica adotada no Brasil desde a década de 1970, tem conquistado produtores de culturas cujo manejo pode parecer incompatível com a ideia de não revolver o solo.
Na região de Paranavaí, no oeste do Paraná, um pequeno grupo produtores de mandioca está há dois anos apostando no modelo visando a recuperação de pastagens degradas, redução das emissões de gases do efeito estufa e maior competividade no arrendamento de áreas na região.
“Isso vem surgindo de uma necessidade. Porque até mesmo os proprietários de área hoje procuram produtores que fazem o serviço bem feito. E só de você não revolver o solo o próprio proprietário já tem interesse em te arrendar uma área”, explica o engenheiro agrônomo Cleto Lanziani.
Produzindo mandioca desde 1985, ele relata que o custo de arrendamento na região tem se tornado cada vez mais difícil devido à concorrência com outras culturas, como laranja e cana-de-açúcar.
Mandioca plantada por produtores paranaenses direto na palhada, sem revolver o solo, seguindo técnicas de plantio direto – Foto: Divulgação
Com isso, os valores que antes eram calculados em percentuais da produção foram sendo corrigidos até ultrapassem a marca dos R$ 10 mil por alqueire. “Uma das coisas que influenciou esse aumento exagerado foi o alto valor da commodities como soja e milho. Hoje, mesmo que a gente não tenha condições ideais para plantio de soja, não se fala mais em mandioca para arrendamento, só em soja”, destaca o produtor.
Além de Lanziani, outros cinco produtores com áreas de 50 a 100 alqueires plantados no oeste paranaense já embarcaram no desafio de adaptar as técnicas de plantio direto no cultivo de mandioca. Na prática, o sistema é adotado no momento de implantação das lavouras, uma vez que a colheita das raízes passa, invariavelmente, pelo revolvimento do solo.
Mesmo assim, os impactos positivos para o meio ambiente já são consideráveis, como explica o coordenador de projetos na área de Clima e Emissões do Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola (Imaflora), Bruno Castigioni.
Valedoitaúnas/Informações Globo Rural