Preço do diesel dispara após fim de isenção de impostos federais
08 de maio de 2021Valor médio nos postos chegou a R$ 4,405/litro, aponta ANP. Para Bolsonaro, combustíveis vão 'baixar de novo' com queda do dólar
Caminhão abastece em posto de combustíveis no Rio de Janeiro – Foto: Sergio Moraes/Reuters
O preço médio do diesel nos postos de combustíveis do Brasil registrou forte alta na última semana, a primeira desde o fim de uma isenção de impostos federais sobre o produto, mostrou pesquisa publicada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
De acordo com o levantamento da reguladora, divulgado na noite desta sexta-feira (7), o valor do combustível mais usado do país disparou 5% em relação à semana anterior, atingindo média de R$ 4,405 por litro, patamar sem precedentes na pesquisa da agência, que remete pelo menos até o final de fevereiro.
O movimento ocorre após o fim do prazo pelo qual vigorou um decreto editado no início de março pelo presidente Jair Bolsonaro, que zerou por dois meses as alíquotas do PIS/Cofins incidentes sobre o óleo diesel, visando conter as sucessivas altas dos preços do produto.
Antes, Bolsonaro havia demitido o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, em meio a divergências sobre a política de preços da estatal, que leva em conta fatores como cotação internacional do petróleo e a taxa de câmbio.
Além do diesel, a pesquisa semanal da ANP também apontou para aumentos nos preços da gasolina e do etanol. O valor médio da gasolina comum atingiu R$ 5,515 por litro, alta de 0,9% na comparação semanal, enquanto o biocombustível – seu concorrente nas bombas – subiu 2,1% no período, a R$ 3,99/litro.
A Petrobras, agora comandada pelo general Joaquim Silva e Luna (leia mais abaixo), não promoveu reajustes nos preços dos combustíveis em suas refinarias nesta semana, após ter anunciado um corte de 2% nos valores de diesel e gasolina na semana passada.
Os preços nos postos, porém, não acompanham necessariamente e de imediato os valores nas refinarias, e dependem de uma série de fatores, incluindo impostos, mistura de biocombustíveis e margens de distribuição.
'Vai baixar de novo', diz Bolsonaro
Logo após a divulgação da pesquisa, Bolsonaro afirmou a apoiadores que o preço dos combustíveis no país vai "baixar de novo", após a recente queda do dólar.
Questionado por uma simpatizante para não esquecer de acompanhar a questão dos combustíveis, Bolsonaro respondeu: "O dólar caiu de novo, pode deixar que nos próximos dias (o preço do combustível) vai baixar de novo", disse ele na entrada do Palácio da Alvorada, em transmissão pelas redes sociais.
Nesta sexta-feira (7), o dólar voltou a cair, fechando numa mínima em quase quatro meses e contabilizando a maior queda semanal desde dezembro, com reação a ingressos de recursos e a um contínuo movimento de desmonte de posições compradas na moeda norte-americana por perspectiva de mais alta de juros no Brasil e de permanência de estímulos globais.
O dólar à vista caiu 0,97%, a R$ 5,2276 na venda, menor valor desde 14 de janeiro (R$ 5,212).
Troca de comando na Petrobras
Em fevereiro, Bolsonaro decidiu retirar Roberto Castello Branco do cargo de presidente-executivo da Petrobras em meio a divergências sobre a política de preços de combustíveis adotadas pela estatal, e colocou em seu lugar o general da reserva Joaquim Silva e Luna, que ocupava a diretoria-geral brasileira de Itaipu.
À época, a decisão gerou forte reação do mercado financeiro, com expressiva queda das ações da Petrobras na B3. O presidente, contudo, negou interesse em interferir na política de preços da estatal petrolífera.
Valedoitaúnas/Informações R7