Praga invasora com veneno mortal se espalha pelos EUA e deixa cientistas em alerta
06 de maio de 2025Disseminação da espécie exige atenção tanto pelo impacto na saúde quanto pelas consequências ambientais
A formiga-agulha-asiática é nativa de regiões do Japão e pode ajustar a potência do veneno dependendo do nível de ameaça – Foto: Reprodução/BioDiversity4All
Uma espécie de formiga originária da Ásia, conhecida como formiga-agulha (Brachyponera chinensis), voltou a chamar a atenção de autoridades de saúde nos Estados Unidos. O inseto, presente no país desde 1932, pode causar anafilaxia em humanos, uma reação alérgica grave que pode levar à morte. Casos recentes foram registrados no estado da Geórgia, no sudeste dos EUA, onde a praga já está estabelecida.
Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a espécie está presente principalmente em pontos da costa leste do país. O professor Dan Suiter, entomologista urbano da Universidade da Geórgia, afirmou que a gravidade da situação aumentou nos últimos anos. Em 2024, ele recebeu ao menos três relatos de pessoas que sofreram anafilaxia após serem picadas por formigas-agulhas asiáticas.
Embora não sejam agressivas por natureza, essas formigas podem picar se entrarem em contato com roupas ou pele. Suiter destacou que a espécie costuma viver em troncos, lenha, folhas caídas ou sob pedras, preferindo ambientes com madeira e alta umidade. Os meses de verão, especialmente julho e agosto, marcam o pico de atividade do inseto.
A picada da formiga pode desencadear sintomas como inchaço da língua ou garganta, chiado no peito, dificuldade para respirar, tontura, náuseas, pressão baixa e urticária. Em casos mais graves, a reação pode levar à morte.
O USDA alerta que não há forma de prever quem terá esse tipo de resposta alérgica, mas pessoas que já reagem a picadas de abelhas ou vespas devem ficar atentas e portar medicamentos como o Epipen.
Além do risco à saúde humana, a espécie invasora também ameaça o equilíbrio ecológico. Segundo Suiter, essas formigas têm eliminado populações nativas em algumas regiões, prejudicando, por exemplo, a dispersão de sementes. Ele compara o impacto ambiental ao causado por sucuris e jiboias nos Everglades, na Flórida.
Suiter reforça que a identificação correta da espécie é fundamental para o controle. Ele orienta que qualquer suspeita seja comunicada a um agente da USDA, que pode encaminhar o caso a um entomologista. A espécie mede cerca de 1,6 cm e se move de forma errática, sem seguir trilhas como as formigas comuns.
Para minimizar os riscos, especialistas recomendam manter lenha seca e afastada do solo, além de adotar o uso de iscas específicas, normalmente aplicadas por empresas de controle de pragas. Esses profissionais têm acesso a produtos mais eficazes, que não estão disponíveis ao público em geral.
Suiter alerta que, apesar de pequenas, essas formigas “não devem ser ignoradas”. Segundo ele, a disseminação da espécie exige atenção tanto pelo impacto na saúde quanto pelas consequências ambientais.
(Fonte: R7)