Por que algumas pessoas não gostam de abraços, segundo a psicologia?
21 de junho de 2025Rejeitar o toque pode ter origem na infância e na cultura e deixa marcas para a vida toda
Evitar o toque pode estar ligado à criação e traumas antigos - Foto: Freepik
Se você conhece alguém que foge de um simples abraço, saiba que isso pode ter razões mais profundas. A ciência aponta que criação, traumas e até fatores biológicos explicam por que o contato físico incomoda tanta gente.
Além da educação recebida, questões hormonais, emocionais e culturais influenciam a forma como cada pessoa lida com gestos de afeto físico, como o toque ou o abraço.
Apesar de o abraço ser comum no Brasil, muitas pessoas o evitam por sentirem desconforto. Isso pode vir de uma criação distante, de dificuldades emocionais ou até da forma como o cérebro responde ao carinho.
Infância sem carinho reflete na vida adulta
Um estudo publicado na Comprehensive Psychology mostrou que crianças criadas com afeto tendem a reproduzir esse comportamento no futuro. Já quem cresceu sem demonstrações de carinho costuma rejeitar o toque, mesmo inconscientemente.
A cultura do país também influencia. Em lugares onde o contato físico é frequente, como Brasil ou França, evitar um abraço chama atenção. Mas em regiões onde o toque é menos comum, como EUA ou Coreia do Sul, essa postura é vista com naturalidade.
A combinação entre traços familiares e o ambiente cultural molda a relação com o toque. Algumas pessoas simplesmente não aprenderam a se sentir seguras com esse tipo de aproximação física.
A falta de toque altera até hormônios
Segundo a pesquisadora Darcia Narvaez, a ausência de contato físico pode prejudicar o sistema nervoso e comprometer a liberação de ocitocina - o hormônio responsável por criar vínculos e gerar sensação de bem-estar.
Estudos com crianças órfãs mostraram que a produção de ocitocina era bem mais baixa nas que não receberam carinho constante. Isso faz com que o toque, mesmo quando bem-intencionado, não traga a sensação de acolhimento esperada.
O nervo vago, responsável por regular emoções e empatia, também pode ser prejudicado. Isso dificulta a criação de laços emocionais e reforça a aversão ao toque físico.
Insegurança emocional bloqueia o contato físico
Para alguns, o toque não é só físico - é emocional também. Quem tem autoestima baixa ou vive com ansiedade social pode interpretar um abraço como algo desconfortável, pois isso os deixa vulneráveis ou fora de controle.
A professora Suzanne Degges-White reforça que o toque pode causar insegurança: “Para alguns, ser tocado física ou emocionalmente provoca grande insegurança”, disse em entrevista à Times.
Com ajuda profissional ou pequenas exposições ao toque, é possível superar essa barreira. Muitos que tentam, depois relatam surpresa por terem se privado tanto tempo de um gesto simples e poderoso como o abraço.
(Fonte: Correio 24 Horas)