Polícia prende segurança de investidor de criptomoedas suspeito de participar de assassinato de traficante
21 de fevereiro de 2022Agente penitenciário preso neste domingo seria segurança do empresário Pablo Henrique Borges, detido por agentes da 38º DP (Brás de Pina) em uma mansão em Angra dos Reis. Segundo a polícia, segurança e empresário teriam participado do assassinato de chefe e integrante do PCC
Segundo a polícia, Pablo pagava diária de R$ 15 mil para ficar em mansão localizada em uma ilha em Angra dos Reis – Foto: Divulgação
Policiais do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHHP) e agentes da Policia Federal prenderam nesse domingo (20) mais um suspeito de participar das execuções de chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, no dia 27 de dezembro.
David Moreira da Silva, de 38 anos, é apontado pela Polícia Civil como o responsável por contratar um outro homem para matar Anselmo Bechelli Santa Fausta, de 38, conhecido como "Cara Preta", e Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", 33, ambos ligados ao PCC.
As vítimas foram mortas a tiros em 27 de dezembro de 2021. Elas estavam dentro de um carro no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, quando outro carro passou e atirou.
Segundo os policiais, o agente penitenciário atuava como segurança de Pablo Henrique Borges, investidor de criptomoedas detido na semana passada em uma mansão em Angra dos Reis.
Agora, são três presos pelo duplo homicídio em dezembro.
Pablo Henrique Borges deve ser trazido para a capital paulista nesta segunda-feira (21). A chegada no Campo de Marte, segundo os policiais, deve ocorrer por volta das 12h, em um helicóptero da Policia Civil. A reportagem não encontrou a defesa de Pablo para comentar o assunto.
O advogado Rodrigo Fonseca, que defende David, afirmou que seu cliente é inocente das acusações.
"Quem se rende espontaneamente se não fosse inocente? Até o presente momento, inexiste indício suficiente para incriminar o meu cliente. O último contato do meu cliente com o Pablo, tão somente ocorreu no ano de 2020, pois David prestava serviço como segurança pessoal. Meu cliente, espontaneamente autorizou a quebra do sigilo bancário e de seu telefone, o que demonstra sua boa-fé", disse o advogado Rodrigo.
Prisão em mansão
Policiais da 38ª DP (Brás de Pina) prenderam, na manhã da última quarta-feira (16), o investidor em criptomoedas Pablo Henrique Borges, de 28 anos.
Segundo investigações da polícia, ele é suspeito de ter participado de um esquema financeiro que causou um prejuízo de R$ 400 milhões em contas bancárias de terceiros.
Pablo foi detido quando estava em uma mansão localizada em Angra dos Reis, Costa Verde do litoral fluminense. Pelo aluguel do imóvel, ele pagava uma diária de R$ 15 mil.
Investigação da Polícia Civil de São Paulo aponta que Pablo e sua empresa – a E-Price Capital Participações – funcionavam como braço financeiro do Primeiro Comando da Capital (PCC), uma das principais facções criminosas do país. Pablo arrecadava a verba por meio de lavagem da criptomoeada bitcoin.
Segundo investigadores, Pablo vinha sendo monitorado pelo setor de inteligência da delegacia. Na terça-feira (15), uma operação da Policia Civil de São Paulo fez uma operação de busca e apreensão na mansão onde Pablo morava, no Morumbi, região nobre da capital paulista.
No local, os agentes encontraram e apreenderam um Porsche Taycan, passaportes e documentos - tanto de Pablo quanto de sua mulher, a influenciadora digital Marcella Portugal Borges.
Ainda segundo investigação da Policia Civil, Pablo seria um dos mandantes da morte de Anselmo Bechelli. O agente financeiro teria investido R$ 100 milhões do traficante, que seria membro do PCC. O dinheiro, no entanto, desapareceu, o que teria gerado desentendimento entre eles e a ordem para o assassinato.
Esquema milionário
O esquema funcionava da seguinte maneira: Pablo e seus comparsas ofereciam, via redes sociais e mensagens de WhatsApp, pagamentos de boleto com 50% de desconto.
Os interessados repassavam metade do valor para o grupo. Logo em seguida, os criminosos quitavam o boleto por meio da invasão de contas de clientes de bancos.
Na lista de clientes – formada tanto por empresas quanto por pessoas físicas – havia centenas de interessados em pagar contas pela metade do valor. Entre os boletos pagos, havia débitos de IPVA, celular, ISS e TV por assinatura.
Ainda de acordo com a investigação da polícia paulista, a quadrilha causou um rombo de R$ 400 milhões, lesando 23 mil contas.
O esquema era possível graças a um sistema de roubo de senhas desenvolvido por um programador de Goiás.
Vida luxuosa
Carros de luxo apreendidos em operação em São Paulo – Foto: Divulgação/Deic
Pablo já havia sido preso uma vez em 2018, na Operação Ostentação. Após passar apenas dois dias na cadeia, ele aceitou fazer um acordo para auxiliar as autoridades na investigação em troca de permanecer em prisão domiciliar.
Segundo a polícia, o esquema possibilitou que Pablo experimentasse uma escalada financeira incomum.
Até 2012, ele era apenas um jovem morador da Região Metropolitana de São Paulo que vivia da instalação de computadores.
Em pouco tempo, ele passou a viver em uma mansão. O suspeito tinha um gosto particular por carros italianos de alto luxo - possuía uma Maserati, uma Lamborghini e duas Ferraris.
Pablo também costumava se deslocar de helicóptero.
Além disso, em 2017 alugou um iate pelo qual pagou diária de 42 mil euros para poder assistir O Grande Prêmio de Fórmula 1, no Principado de Mônaco.
Valedoitaúnas (g1)