Investigações revelaram que a secretária Sonia Maria Dalmolim de Souza favorecia empresários em licitações para compra de equipamentos hospitalares em troca de propina

Sonia Dalmolin, secretária de Saúde de Linhares – Foto: Reprodução/TV Gazeta

A Polícia Federal (PF) realizou uma operação na manhã desta sexta-feira (28) para desmontar um esquema de favorecimento em contratos da Secretaria Municipal de Saúde de Linhares, no Norte do Espírito Santo. Entre os envolvidos estão a secretária da pasta Sonia Maria Dalmolim de Souza e dois empresários ligados à empresa Ultramed Tecnologia e Serviços Eireli Epp. A pedido da PF, a Justiça determinou o afastamento da secretária, autorizou o bloqueio de bens e o cumprimento de sete mandados de busca e apreensão em endereços ligados aos envolvidos em Linhares e Vitória.

Os nomes dos empresários não foram divulgados. O g1 tenta contato com os citados.

A operação foi chamada de "Editor", em alusão ao funcionamento do esquema. De acordo com a PF, empresários sugeriam mudanças em editais da Prefeitura de Linhares, na Secretaria de Saúde para poder ganhar as licitações de forma criminosa, favorecendo a servidora que também ajudava no processo.

Em cooperação técnica com o Tribunal de Contas do Espírito Santo (TCE-ES), a Polícia Federal constatou que mais de 60% dos recursos recebidos pela empresa investigada tiveram origem em contratos com a Secretaria de Saúde de Linhares.

A estimativa é de que desde 2020 foram desviados pelo menos R$ 243 mil em propina. A PF não confirma nem descarta a possibilidade de participação de outros servidores e vai seguir investigando o caso.

Os envolvidos poderão ser indiciados pelos crimes de corrupção ativa e passiva, fraude em licitações, peculato e associação criminosa. As penas para esses crimes, somadas, podem ultrapassar 20 anos de reclusão.

Investigações

Operação da Polícia Federal mira esquema de fraude em licitações na área da saúde da prefeitura de Linhares, Espírito Santo – Foto: Divulgação/Polícia Federal

As investigações começaram em agosto de 2023, após a Polícia Federal descobrir diálogos suspeitos entre a secretária Municipal de Saúde e um empresário contratado para fornecer materiais e serviços hospitalares.

A apuração revelou indícios de direcionamentos de licitações e contratações públicas em favor do empresário desde 2020, bem como elementos sobre possíveis pagamentos ilegais à servidora pública.

Também foram colhidos indícios de que, durante o mesmo período, a servidora apresentou aumento patrimonial e padrão de gastos incompatíveis com sua renda familiar declarada.

A Operação Editor envolveu 29 policiais federais e dois auditores da Controladoria Geral da União. Entre os endereços em que foram cumpridos os mandados está a casa da secretária de saúde e dos dois empresários.

Material encontrado durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em operação da Polícia Federal no Espírito Santo – Foto: Divulgação/Polícia Federal

(Fonte: g1 ES)