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Pesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anos

08 de outubro de 2020

Arqueólogo Pedro Michelutti Cheliz estudou sítios em Rincão e Boa Esperança do Sul, onde foram encontradas pedras lascadas usadas como ferramentas para caça e colheita.

Pesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anosPesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anos – Foto: Reprodução EPTV

Uma pesquisa da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) comprovou que nômades passaram pela região de Araraquara (SP) há pelo menos 10 mil anos, próximo à época em que Luzia, o fóssil humano mais antigo encontrado na América Latina, viveu.

O estudo foi realizado pelo pesquisador Pedro Michelutti Cheliz durante seu doutorado e publicado com o título “São Paulo Antes dos Tupi: ocupação humana e ambientes 10 mil anos atrás”, que considera as escavações já feitas em sítios arqueológicos no entorno de Araraquara e a descendência dos indígenas.

Pesquisa

Segundo Cheliz, o estudou considerou ferramentas chamadas de lesmas encontradas nas zonas rurais de Rincão e Boa Esperança do Sul. Algumas delas usadas para cortar a carne, outras como a ponta da lança para a caça, outras ainda como furador. Os materiais passaram por análises, que comprovaram as suas produções há mais de 100 séculos.

“Nós obtivemos idades anteriores há 10 mil anos nas amostras de carvão e areias retiradas próximas aonde nós recolhemos os artefatos de pedra lascada. Por conta disso e também pela análise que os solos estão bem preservados, nós deduzimos que pode ter havido essa ocupação anterior há 10 mil anos, na medida que existe associação dos artefatos e dos materiais que foram encontrados próximos a eles”, explicou.

Descobertas

Pesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anosPesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anos – Foto: Reprodução EPTV

De acordo com o pesquisador, não é possível dizer que alguns povos viviam na região, porque não foram encontrados fósseis ósseos, mas estudos indicam que eram formados por algumas dezenas de indivíduos que se alimentam do que conseguiam caçar e colher.

A ausência de cerâmicas também indica que eles não praticavam a agricultura, pois não tinham a preocupação de armazenar o que colhiam e plantavam, além de que o clima na região era bem mais seco, parecido com o atual interior nordestino.

“Eles viviam dos animais que eles podiam caçar e das plantas que eles podiam coletar da natureza do tempo que eles viviam”, explicou o pesquisador.

A teoria era que o grupo passava pela região para aproveitar a abundância do arenito, material usado para confeccionar as ferramentas feitas de pedra lascada.

“Nós encontramos níveis arqueológicos mais profundos que ainda não foram datados e, possivelmente, são anteriores a essas idades já obtidas, então existe essa noção de que a ocupação já estava acontecendo há 10 mil anos e existe a perspectiva que ela pode ser anterior, a depender dos andamentos dos trabalhos”, disse.

Sítios pela região

Pesquisador comprova passagem de nômades pela região de Araraquara há 10 mil anosReconstituição do fóssil de Luzia feita por computador – Foto: Reprodução/TV Globo

Essa não é a primeira pesquisa que comprova a presença de utensílios datados com mais de 10 mil anos na região de Araraquara. Em 2015, Um grupo de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), da Unicamp e da Fundação Araporã estudava um sítio arqueológico também em Boa Esperança do Sul, onde encontraram indícios de que nômades viveram na região há 14 mil anos.

Estima-se que ao longo dos anos foram registrados cerca de 15 sítios e ocorrências arqueológicas com presença de ferramentas de rocha lascada na região. A maior parte dessas descobertas está ligada a levantamentos de licenciamento ambientais, obrigatórios pela lei pela ocasião de obras como duplicações de estradas ou construção de gasodutos.

As ferramentas encontradas nestes sítios geralmente são guardadas no Museu de Arqueologia e Paleontologia de Araraquara (Mapa).

Valedoitaúnas/Informações G1



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