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Para reduzir efeitos do Covid-19, governo autoriza emissão de cartão de crédito

29 de março de 2020

O objetivo é facilitar o acesso ao crédito; especialistas elogiam a medida, mas ressaltam que ela pode ser não efetiva neste momento de crise

Para reduzir efeitos do Covid-19, governo autoriza emissão de cartão de créditoCartão de crédito – Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

O Conselho Monetário Nacional (CMN) autorizou na última quinta-feira (26) que fintechs de crédito passem a emitir cartões de crédito.

Especialistas ouvidos pelo GLOBO elogiaram a medida por possibilitar o aumento da concorrência do setor, mas ressaltam que ela pode não ser efetiva para o momento de crise.

O Banco Central (BC) argumentou que as fintechs têm a capacidade de atingir mais pessoas, com mais capilaridade, e podem atender “segmentos com reduzido histórico de crédito no país”, como micro e pequenos empresários.

Facilitando o acesso ao crédito, o BC espera que a medida possa contribuir para reduzir os efeitos da pandemia de coronavírus na economia brasileira.

Segundo o economista e especialista em bancos da Austin Rating, Luis Santacreu, a medida representa uma continuidade da agenda do Banco Central de estimular a entrada de fintechs no sistema financeiro.

O Banco Central quer que as fintechs continuem funcionando, e ao mesmo tempo quer que elas venham a participar da questão da liquidez do sistema, de você fazer o crédito chegar a pequenas e médias empresas e pessoas físicas, disse.

Santacreu ressalta que em um momento de crise, os bancos podem restringir o acesso ao crédito e o BC tenta facilitar o fluxo de crédito por meio de medidas como essa. No entanto, ele afirma que outras ações são necessárias para evitar que os recursos fiquem presos nos bancos.

O BC agiu bem para inserir as fintechs nesse contexto, de modo que elas não diminuam muito a atividade delas, mas provavelmente medidas adicionais terão que vir para que o crédito seja irrigado no sistema econômico.

O diretor executivo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças (Anefac), Miguel Ribeiro de Oliveira, disse que essa autorização era pedida há muito tempo e pode ajudar na concorrência do sistema.

Apesar disso, dado o cenário de crise, Ribeiro não acredita que as instituições financeiras estarão dispostas em disponibilizar mais crédito.

É uma medida importante, mas neste momento não vai surtir efeito porque os bancos estão muito seletivos e restritivos no crédito, preocupados com a inadimplência que vai crescer por conta de um desemprego maior, em um país que vai ter uma retração econômica este ano.

O economista ressalta que, ao dar crédito, o banco faz uma análise de quanto o possível tomador recebe, se está empregado e neste momento a instituição tende a evitar o risco.

Por mais que o BC diga que esse é momento, não acredito que os bancos vão de forma geral dar crédito para novos clientes com incerteza de não receber, disse.

Essa resolução afeta somente as fintechs classificadas como Sociedade de Crédito Direto (SCD), que usam de recursos próprios para fazer as operações.

BNDES

A resolução do Banco Central também permite que as fintechs classificadas como SCD possam financiar as operações por meio de repasses do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Segundo o BC, a nova regra também procura utilizar a capilaridade das fintechs para torná-las “um importante canal de realização de políticas públicas”.

A regulação das fintechs de crédito é de 2018 e as divide em duas classificações, as SCD, que realizam operações de crédito a partir de capital próprio e as Sociedades de Empréstimo entre Pessoas (SEP), que atuam como um intermediário entre quem quer financiar e quem quer tomar empréstimo.

Valedoitaunas/Informações iG



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