Operação da PF apura fraude de R$ 16 milhões no Postalis
17 de setembro de 2021Instituto de Previdência Postalis foi criado em 1981 pelos Correios. São cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, em dois estados e no DF
Correios – Vinícius Santa Rosa/Metrópoles
A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta sexta-feira (17), operação para investigar os crimes de lavagem de dinheiro, organização criminosa e corrupção, além de crimes contra o sistema financeiro nacional, cometidos contra o fundo de pensão dos Correios, o Instituto de Previdência Complementar (Postalis).
São cumpridos 19 mandados de busca e apreensão, no Distrito Federal, Paraná e em São Paulo. A Justiça Federal também determinou o bloqueio de bens dos investigados até o limite do valor dos prejuízos já apurados: cerca de R$ 16 milhões.
A operação foi batizada de Amigo Germânico. O termo faz alusão ao codinome de um dos investigados, que era referenciado pelos demais membros do grupo como “Amigo Alemão”.
As apurações da PF, realizadas em parceria com o Ministério Público Federal (MPF), apontam que foram criados quatro Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios Não Padronizados (FIDC-NP). Em seguida, diversos ativos do Postalis receberam preços em valor diferente de zero, quando deveriam ter sido reavaliados a valor zero.
“A referida operação, cujos prejuízos foram previamente admitidos pelos alvos investigados, implicou o agravamento da situação já deficitária da entidade”, assinalou a corporação.
Ainda de acordo com informações da PF, os investigados teriam respaldado seus atos em pareceres jurídicos elaborados por pessoas que possuíam interesse direto na indicação das empresas – que, posteriormente, seriam escolhidas para gerir os recursos dos FIDC-NP.
Polícia Federal cumpre 19 mandados de busca e apreensão, no Distrito Federal, Paraná e em São Paulo – Foto: Rafaela Felicciano/Metrópoles
“Apurou-se ainda que as empresas indicadas para administrar os Fundos de Investimento direcionavam taxas de rebate (comissão) para serem divididos entre os responsáveis pela indicação das empresas que, por sinal, também atuavam no aconselhamento técnico-jurídico do Postalis. Além disso, por meio de transações dissimuladas, também foram direcionadas vantagens indevidas a gestores da entidade de previdência complementar dos Correios”, prosseguiu a corporação, em comunicado divulgado à imprensa.
Os envolvidos poderão responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta de instituição financeira e corrupção passiva e ativa, com penas que, se somadas, podem chegar a 42 anos de reclusão.
Após a deflagração da operação, os Correios enviaram a seguinte nota:
“A respeito da operação ‘Amigo Germânico’, deflagrada nesta sexta-feira (17), pela Polícia Federal, os Correios reiteram que a gestão atual mantém estreita parceria com os órgãos de controle das instituições públicas, tendo inclusive firmado um Acordo de Cooperação Técnica com a Polícia Federal em dezembro de 2019. Pelos termos do Acordo: as instituições colaboram entre si para a coordenação e/ou execução de ações integradas destinadas à prevenção e à repressão de ilícitos.
Paralelo a isso, a empresa tem adotado padrões rígidos de integridade e governança, que se estendem às suas subsidiárias, visando a assegurar a transparência dos negócios e a gestão ética do patrimônio público. A empresa não foi informada da operação e segue apoiando integralmente as autoridades com informações e dados que as auxiliem a esclarecer as causas dos prejuízos a seus empregados e ao bem público.
Quanto às matérias veiculadas nessa data, convém destacar que a operação hoje deflagrada é um desdobramento das investigações iniciadas ainda em 2018 acerca dos Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios Não Padronizados (FIDC-NP), um ativo provisionado em 2017 e objeto de análise da Previc. Estes, por sua vez, foram um dos motivos da intervenção no Postalis”.
Valedoitaúnas (Metrópoles)