Novo estudo explica como o efeito sanfona acontece. Entenda o fenômeno
19 de novembro de 2024Cientistas descobriram que as mudanças epigenéticas provocadas pela obesidade permanecem no núcleo das células de gordura
Foto: Getty Images
Qualquer pessoa que já tentou emagrecer conhece a frustração do efeito sanfona: o peso inicialmente diminui, mas volta em poucas semanas. Pesquisadores da ETH Zurich, na Suíça, descobriram que o fenômeno está ligado à epigenética, mostrando que células de gordura podem “lembrar” do sobrepeso.
O estudo, publicado na revista Nature em 18 de novembro, revela que a obesidade desencadeia alterações epigenéticas nas células de gordura, permitindo que elas armazenem memórias do excesso de peso em seu núcleo, o que facilita a recuperação dos quilos perdidos mesmo após uma dieta bem-sucedida.
Memória epigenética da obesidade
Para entender o efeito sanfona, os cientistas estudaram camundongos. Eles analisaram células de gordura de animais obesos e daqueles que haviam emagrecido por meio de dieta e descobriram que as mudanças epigenéticas provocadas pela obesidade permanecem no núcleo das células de gordura mesmo após a perda de peso.
“As células de gordura lembram do sobrepeso e podem retornar a esse estado mais facilmente”, explica Ferdinand von Meyenn, professor de Nutrição e Epigenética Metabólica e líder do estudo, em comunicado.
Os ratos com os marcadores epigenéticos recuperaram o peso mais rapidamente ao retornar a uma dieta rica em gordura. “Encontramos uma base molecular para o efeito sanfona”, afirma o pesquisador.
O mesmo mecanismo foi observado em humanos. Analisando biópsias de tecido adiposo de pessoas que passaram por cirurgias bariátricas, os pesquisadores identificaram padrões de expressão genética consistentes com os resultados dos estudos em camundongos.
Importância da prevenção
Não está claro por quanto tempo as células de gordura mantêm essa memória da obesidade. Segundo Laura Hinte, doutoranda no grupo de von Meyenn, as células de gordura têm uma vida útil de cerca de 10 anos antes de serem substituídas por novas.
Atualmente, ainda não é possível apagar essas marcas epigenéticas com medicamentos. “Talvez no futuro possamos alterar a memória, mas, por enquanto, precisamos lidar com ela”, acrescenta Hinte.
Von Meyenn enfatiza a importância da prevenção. “Evitar o excesso de peso desde cedo é a forma mais eficaz de combater o efeito ioiô”, aponta. Ele destaca que essa mensagem é especialmente relevante para crianças, jovens e pais.
Os pesquisadores também acreditam que outras células do corpo podem contribuir para o problema, além das células de gordura. A descoberta amplia as possibilidades de estudos futuros para entender e combater o fenômeno.
(Fonte: Metrópoles)