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Mustang que bateu 12 horas após compra tinha alterações irregulares, diz dona

07 de maio de 2021

Mustang que bateu 12 horas após compra tinha alterações irregulares, diz donaFord Mustang fica destruído em acidente – Foto: Arquivo Pessoal

O acidente envolvendo um Ford Mustang e uma carreta em Santa Teresa (ES), no início de abril, parou na Justiça. A família está processando a concessionária onde o carro foi comprado, alegando que o veículo teve as configurações alteradas – e que isso teria ocasionado a batida.

De acordo com a advogada Dyelika Cristina Jareta Freire, que dirigia o Mustang, perícia particular contratada pela família mostrou que o Mustang teria passado por alterações. Já a loja onde o carro foi adquirido, 12 horas antes do acidente, informou que o antigo proprietário afirmou que o veículo tinha 100% de originalidade do veículo e que aguardará o resultado do laudo.

Laudo aponta falha "mascarada"

O laudo anexado pela família ao processo relata uma falha no pedal do acelerador. "Pudemos observar que há uma alteração muito além da especificação original do pedal de acelerador, resultando no aumento do nível de sensibilidade e tornando o veículo "mais ágil" no curso no pedal de aceleração".

E conclui que isso pode ter impedido o controle do carro. "Presume-se então que, ao conduzir o veículo numa curta distância, o pedal de acelerador possa ter atingido um percentual maior, ter travado sua funcionalidade ocasionando o "disparo" do veículo sem controle", diz um trecho do documento elaborado pela perícia particular.

O problema ainda teria sido ocultado, segundo o perito. "Pudemos analisar que a falha ficou 'mascarada', impossibilitando a informação de alguma falha ao condutor. Uma tentativa de eliminar a falha de performance do pedal, garantindo um funcionamento do veículo 'sem limites'", diz um trecho do documento.

Ainda de acordo com o laudo, apagar esse tipo de falha é "muito comum" quando há reprogramação do software, o que teria sido feito no Mustang, procedimento apontado como um erro pelo especialista.

Dyelika conta como foram os segundos anteriores à batida, logo após sair de casa com os dois filhos:

"Ao tocar no acelerador, o pedal afundou e o veículo disparou. Nesse momento eu pisei no freio, mas mesmo assim o carro continuou acelerando e se descontrolou, primeiro pra direita, do lado do carona onde estavam os meus filhos. Para não bater no muro, eu tentei voltar pra via, mas o carro ainda acelerado e descontrolado invadiu a contramão. Mesmo eu pisando no freio, acabei batendo de frente com o caminhão".

A análise feita pelo técnico também indicou problemas na ativação do controle de tração e nos freios. "Em uma análise aprofundada pudemos destacar que o veículo não apresentava o controle de tração ativado do momento em que ligou o veículo até o momento da colisão. Concluímos que o ABS estaria com este sistema de segurança desabilitado por completo. A desabilitação deste sistema comprometeu a dirigibilidade do veículo ocasionando o acidente".

O laudo diz não ser possível apontar quando e nem quem fez as alterações no Mustang.

Segundo a advogada, a loja onde comprou o Mustang deu garantias sobre o veículo. "Fomos informados de que o automóvel era de um único dono e pouco rodado. Eles nos garantiram que o veículo estava em estado de novo e que tinha feito duas revisões na Ford".

Dyelika e o marido questionam a loja também sobre o histórico de uso do carrão, pois ficaram sabendo por fotos que ele teria já teria, inclusive, sido usado em corridas de alta velocidade, em São Paulo. "Após o acidente, várias pessoas nos enviaram fotos e vídeos do veículo sendo usado em corridas no autódromo de Interlagos".

Antigo dono atesta 100% de originalidade

Bruno Alberto é o funcionário da concessionária que vendeu o Mustang, com pouco mais de 10 mil kms rodados, para Dyelika, em Vila Velha, na Grande Vitória.

Em conversa com o UOL Carros, ele defende que o carrão é 100% original. Bruno conta que dirigiu o veículo várias vezes e não notou nada de anormal. "Fiquei praticamente um mês com o carro, não apresentou nenhum problema. A gente identifica. Até porque o carro tinha duas revisões na Ford".

O vendedor afirma que não tem como dizer se o laudo apresentado por Dyelika está ou não correto, mas admite estranheza sobre o resultado, e vai aguardar o caso ser resolvido judicialmente. "Não tem motivo para esconder qualquer coisa. Por enquanto é uma acusação sem provar nada. Vou deixar nas mãos do advogado para resolver isso aí", completou.

Sobre a utilização do Mustang em corridas, Bruno afirma não ter conhecimento. "Não sei se [o antigo proprietário] chegou a colocar em Interlagos para testar, até porque o carro é original. E normalmente carro original a gente não coloca na pista, pois força muito o veículo e pode ser que o carro entre em modo de emergência, por segurança para não quebrar um cano ou alguma coisa do tipo".

Ferimentos graves.

Filmado por uma câmera de segurança, o acidente aconteceu por volta de 9h da manhã, quando Dyelika havia acabado de sair de casa e levava os dois filhos para o dentista. O veículo bateu de frente com uma carreta em movimento. O motorista do caminhão contou à polícia que trafegava pela rua quando viu o veículo se aproximando, descontrolado.

A advogada teve traumatismo craniano, ruptura total do fêmur e duas costelas quebradas, resultando na perfuração do pulmão. O filho mais novo, de 6 anos, precisou colocar um pino na perna após fratura no fêmur. O outro, de 17, teve machucados pelo corpo e no supercílio.

O Mustang GT Premium, 5.0, V8, ano 2018 ficou com a dianteira toda destruída, com perda total. O veículo havia sido comprado 12 horas antes do aciddente. Custou mais de R$ 300 mil e não tinha seguro.

Valedoitaúnas/Informações UOL



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