Músico é inocentado de acusação de homicídio 20 anos após crime no ES
15 de junho de 2021Samuelson Teixeira, o rapper Kapella, foi acusado de participação no assassinato do empresário Magno Flor Durans, em 2001, em Viana, na Grande Vitória.
Rapper e produtor musical Kapella foi inocentado pela Justiça do ES após 20 anos – Foto: Divulgação
O músico Samuelson Teixeira, conhecido como Kapella, de 46 anos, foi inocentado pelo Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) da acusação de participar do assassinato do empresário Magno Flor Durans. O crime aconteceu há 20 anos, no bairro Universal, em Viana, na Grande Vitória.
Kapella é carioca, mas iniciou a carreira de rapper e produtor musical na região da Grande Vitória, no final da década de 90 e início dos anos 2000.
Em 2001, o músico foi acusado de assassinar o empresário Magno Flor Durans, morto por 14 tiros em uma chácara no bairro Universal, em Viana.
A polícia não encontrou provas que ligassem o rapper ao crime, mas só agora, 20 anos depois, o músico foi absolvido pela Justiça do Espírito Santo.
Kapella foi ligado ao crime com base no depoimento de um réu do caso que foi condenado pelos disparos. Por causa da acusação, Kapella teve a prisão preventiva decretada e ficou 27 dias na prisão.
Segundo os advogados de defesa, o outro acusado mudou a versão de seu depoimento durante a tramitação do caso na Justiça.
“Durante o inquérito policial, primeiramente o suspeito negou o crime, depois, em um segundo depoimento, ele confessou e alegou a participação do Samuelson. Já na primeira fase do Tribunal do Júri, ele negou a autoria por parte do Kapella. Ou seja, não existiu nenhuma prova que pudesse condenar o músico”, apontou o advogado do rapper, Patrick Berriel.
Ainda segundo Antônio Fernando Moreira, também da defesa, Kapella foi acusado do crime porque passava pelo local. De acordo com o advogado, a mãe do rapper morava perto de onde o assassinato aconteceu. Para ir até a casa dela, era necessário passar pela chácara. Ele estava visitando a mãe quando o empresário foi morto.
Absolvição
Os dois acusados foram a júri popular em 2019. O outro suspeito foi condenado a oito anos de prisão, enquanto Samuelson foi absolvido por falta de provas.
A sentença de absolvição foi publicada pela 1ª Vara Criminal de Viana, em julho de 2019, assinada pelo juiz Carlos Henrique Rios do Amaral Filho.
Recurso
O Ministério Público do Estado, no entanto, recorreu e pediu a anulação da decisão do júri e assim o caso se estendeu por mais um ano. Na última quarta-feira (9), o pleno do Tribunal de Justiça negou o recurso o MP e confirmou a inocência.
“Foi o fim de uma injustiça que se alongou por 20 anos e a soberania do júri popular foi mantida. Trata-se de uma garantia constitucional”, pontuou Antônio Fernando Moreira.
'Paz e tranquilidade'
Para o carioca, a decisão trouxe "paz e tranquilidade" após 20 anos de apreensão com o futuro.
Durante os anos em que o caso correu na Justiça, Kapella continuou atuando no mercado da música e das artes. Dividiu palco com grandes artistas da cena musical como O Rappa, Racionais MCs, Mr. Catra e produziu artistas como Marcelo D2. O músico também integrou o elenco das novelas Cordel Encantado e Fina Estampa, exibidas pela Globo.
"Essa decisão trouxe para a minha vida a sensação de paz e tranquilidade. De poder seguir em frente com a cabeça erguida. Com a confirmação de que sou inocente, eu me sinto mais confiante para investir no meu trabalho. Até então, eu vivia diariamente a incerteza do meu futuro", apontou.
Por causa da acusação, o músico contou que viveu tempos de depressão e insegurança na carreira.
"Muitos empresários pedem o documento de nada consta para a realização de novos projetos. Quando eles verificavam o meu nome, aparecia um processo judicial em andamento relacionado a minha pessoa. Eu poderia ter sido condenado injustamente, o que comprometeria todo o meu futuro e acabaria com a minha família. Fiquei anos sem lançar nada. Hoje, o sentimento é de que a justiça foi feita", comemorou.
Valedoitaúnas/Informações G1 ES