Mulher fica 5 dias sem trocar absorvente por gostar do ‘cheiro de peixe morto’; entenda os riscos
21 de maio de 2023O mau cheiro na região íntima por si só já pode indicar um quadro de vaginose bacteriana, explica especialista
Ana alega gostar do misto de cheiros que ocorrem após ficar dias sem trocar o absorvente – Foto: Reprodução/TikTok/Montagem/R7
A criadora de conteúdo Ana Lígia Canieto, que acumula mais de 150 mil seguidores no TikTok, confessou em um vídeo publicado recentemente que já ficou cinco dias sem trocar o absorvente porque gosta do "cheiro de peixe morto".
Quando gravou o relato, Ana já estava havia quatro dias sem trocar o produto.
"Está do jeito que eu gosto. Está um cheiro de peixe, com cadáver, com cheiro da morte [...]. É um cheiro misturado, e eu gosto. Por isso deixo cincos dias, quatro dias, porque acumula a sujeira", disse.
A mulher acrescenta que o odor também fica semelhante a "um cheiro de esgoto, com peixe, com sardinha".
Segundo Ana, ela usava anticoncepcional havia cerca de sete ou oito anos e parou recentemente. O medicamento diminuiu seu fluxo menstrual e tornou o sangue parecido com "borra de café" (efeito comum do remédio), o que "possibilitou" que ela passasse a ficar dias sem trocar o absorvente.
No entanto, a ginecologista e obstetra Carolina Ambro, médica credenciada da Omint Saúde e mestre em ciências pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), adverte que a prática pode trazer sérios riscos à saúde.
O próprio cheiro descrito pela criadora de conteúdo deve servir de alerta.
"O cheiro é algo que não condiz com o uso do anticoncepcional. Ela, provavelmente, tem uma infecção vaginal chamada vaginose bacteriana, que libera esse cheiro de peixe podre. A vaginose bacteriana é uma infecção do próprio organismo, não é que a pessoa contraiu de alguém. As bactérias Gardnerella [causadoras do quadro] fazem parte da flora vaginal e podem se proliferar por desvio de pH", explica a especialista.
Quando não há um cuidado devido, a condição pode piorar. Além disso, como Ana deixa de trocar o absorvente por um período prolongado, a proliferação de bactérias anaeróbicas é facilitada, o que intensifica o odor e pode gerar uma infecção pélvica.
"A infecção pélvica [ocorre] quando as bactérias vaginais sobem – quando elas estão em grande quantidade – para o útero, e aí podem dar abscessos pélvicos ['bolsa' de pus e outros líquidos que pode se romper e causar uma infecção grave], sepse [infecção generalizada], esse tipo de coisa. Geralmente as infecções pélvicas são causadas por infecções sexualmente transmissíveis. Não é o caso dessa pessoa, mas, do jeito que ela está fazendo, está propiciando um ambiente para que essas bactérias anaeróbicas cresçam em grande quantidade", relata Carolina.
O correto, segundo a especialista, é trocar o absorvente quatro vezes ao dia.
"Faz muito mal [ficar muito tempo]. Absorvente deve ser trocado a cada seis horas para que não tenha proliferação de bactérias", afirma.
A vaginose, de acordo com a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é um quadro relativamente comum em mulheres, mas que exige avaliação e acompanhamento clínico – com ginecologista.
O principal sintoma da condição é um corrimento vaginal cinza ou branco, ralo, abundante e, geralmente, com odor fétido.
No caso da infecção pélvica, entre os sintomas estão dor abdominal e nas costas; febre; vômitos; dor ao urinar; corrimento e sangramento vaginal e dor na parte baixa do abdômen. O quadro também exige uma busca imediata por um profissional de saúde.
(Fonte: R7)