MP denuncia empresário que matou esposa a facadas após briga por jogo de futebol
24 de julho de 2021Para o promotor Fernando Bolque, autor da denúncia, 'é certo que o denunciado agiu valendo-se de motivo fútil, qual seja, simples discussão familiar fomentada por rixa esportiva'. Érica era palmeirense e o marido, corintiano. O Palmeiras venceu a partida contra o Santos
Érica Fernandes, torcedora palmeirense que foi morta pelo marido corinthiano Leonardo Souza Ceschini – Foto: Arquivo pessoal
O Ministério Público denunciou o empresário Leonardo Souza Ceschini, de 34 anos, acusado de matar a facadas a esposa, a representante comercial Érica Fernades Alves Ceschini, em dia 31 de janeiro, um dia após a final da Copa Libertadores entre Palmeiras e Santos.
Érica era palmeirense e o marido, corintiano. O Palmeiras venceu a partida. O crime ocorreu após uma suposta briga por futebol no apartamento do casal no bairro São Domingos, Zona Oeste da capital.
Para o promotor Fernando Bolque, autor da denúncia, "é certo que o denunciado agiu valendo-se de motivo fútil, qual seja, simples discussão familiar fomentada por rixa esportiva. O crime também foi perpetrado com emprego de meio cruel, visto ter sido a vítima atingida por diversas facadas, suportando sofrimento atroz e desnecessário".
Em decisão de fevereiro, a Justiça decidiu soltar o marido, assassino confesso, porque, segundo a juíza Giovanna Christina Colares, da 5ª Vara do Júri de São Paulo, entendeu que houve excesso de prazo na manutenção da prisão preventiva.
Érica Fernandes foi morta pelo marido Leonardo Souza Ceschini, que foi preso em flagrante – Foto: Arquivo Pessoal
A Polícia Civil investiga ainda se, após o assassinato, o sogro da vítima furtou do apartamento o carro dela, duas TVs, um micro-ondas, eletroeletrônicos e joias. O furto teria sido cometido enquanto o corpo da representante comercial era velado e sepultado no dia 1º de fevereiro.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado por parentes da representante comercial assassinada, o sogro de Érica e outras pessoas levaram os bens que estavam dentro do apartamento onde o casal morava com os filhos gêmeos de 2 anos.
Até o celular da vítima e documentos das crianças foram levados por uma mulher que seria advogada da família do marido, ainda segundo a polícia. As crianças estão provisoriamente com os avós maternos.
O crime
Palmeiras jogou contra o Santos na final da Copa da Libertadores – Foto: André Durão
Leonardo matou Érica no dia seguinte à vitória do Palmeiras, na Taça Libertadores da América, em 30 de janeiro, em São Paulo. A Polícia Militar (PM) foi chamada pelos vizinhos do casal, e quando chegou ao prédio encontrou a mulher caída no chão da cozinha do apartamento. Foi realizado atendimento, mas a representante comercial não resistiu e morreu. Ela tinha 34 anos.
O empresário Leonardo, também de 34 anos, foi preso em flagrante e indiciado por homicídio doloso contra a esposa. Segundo a PM, após dar duas versões diferentes para o crime, ele confessou ter matado a esposa após "desavenças devido cada um ser torcedor de time de futebol diferente".
Leonardo havia dito inicialmente que Érica tinha esfaqueado ele e cometido suicídio. Depois falou que ela o feriu com a faca e que ele conseguiu pegá-la e a esfaqueou com "vários golpes que causaram a morte dela".
Aline também espera que Leonardo seja julgado rapidamente pela Justiça por causa do assassinato da irmã. "Queremos justiça. O que nos faz perceber que tudo isso não são meros juízos de valor e sim fatos".
A família de Érica não acredita que o motivo do crime tenha sido briga por causa de times rivais de futebol, como está no boletim de ocorrência do caso.
"Não sabemos ao certo, porém não acreditamos que foi futebol. Leonardo se aproveitava muito financeiramente de minha irmã pelo fato de ela ganhar muito mais que ele", afirmou Aline. "Minha irmã chegou a comentar com minha mãe que ela estava cansada e pretendia se separar. Só queremos que ele pague pelo que fez".
Roubo dos pertences da vítima
Além do crime, A Polícia Civil investiga o furto dos bens da representante comercial Érica Fernandes Alves Ceschini. O sogro da vítima e pai do assassino, Alexandre Estevam Ceschini, é o principal suspeito de levar o carro dela, duas TVs, um micro-ondas, eletroeletrônicos e joias. O furto foi cometido enquanto o corpo da representante comercial era velado e sepultado no dia 1º de fevereiro.
Até a última atualização desta reportagem, os bens da vítima ainda não tinham sido devolvidos. Também não foi informado o porquê de eles terem sido levados. O assassino, no entanto, continuava preso, mas permanecia internado num hospital por causa dos ferimentos. A faca que ele usou foi apreendida.
De acordo com o boletim de ocorrência registrado por parentes da representante comercial assassinada, o sogro de Érica e outras pessoas levaram os bens que estavam dentro do apartamento onde o casal morava com os filhos gêmeos de 2 anos.
Sogro furtou carro e pertences de empresária durante velório dela, diz família da vítima – Foto: Reprodução
Até o celular da vítima e documentos das crianças foram furtados por uma mulher que seria advogada da família do marido, ainda segundo a polícia. Os meninos estão provisoriamente com os avós maternos.
Procurado pelo G1, o autônomo Alexandre não havia comentado o assunto até a publicação desta reportagem. Por telefone, o sogro de Érica havia dito pela manhã que não poderia falar. "Estou dirigindo. Só poderei falar ao final da tarde", falou na terça-feira (8).
A reportagem não conseguiu contato com a mulher citada no registro policial feito no 33º Distrito Policial (DP), Pirituba, como sendo a advogada responsável por levar do imóvel o telefone de Érica e documentos dos filhos.
Valedoitaúnas (G1)