Mortes em casa crescem 53% durante pandemia da Covid-19
07 de julho de 2020Quase 10 mil pessoas morreram fora de hospitais por causas naturais em São Paulo, Rio, Fortaleza e Manaus
Cemitério do Caju, no Rio – Foto: Gabriel Monteiro/Agência O Globo
O número de pessoas que morreram fora de unidades de saúde durante a pandemia explodiu nos últimos três em São Paulo, Rio, Manaus e Fortaleza. Só entre 15 de março e 13 junho as mortes em casa saltaram de 6.378 para 9.773 nas quatro capitais, revela um levantamento feito pelo epidemiologista Jesem Orellana, da Fiocruz, a pedido da Folha.
O repentino aumento corresponde a um crescimento de 53%, ainda maior do que o aumento de todas as mortes por causas naturais no período, de 44%.
Manaus, por exemplo, registrou 1.290 mortes em casa ou na rua e teve o maior salto, de 120%. Em seguida vêm Fortaleza, com um aumento de 74% (1.814 mortes), Rio de Janeiro, com 48% (3.029 mortes), e São Paulo, com 34% (3.640 mortes).
As quatro capitais tiveram uma explosão desses óbitos principalmente no fim de abril e início de maio, quando viveram suas piores fases da Covid-19. Foi nessa época que os sistemas de saúde do Amazonas, do Ceará e do Rio de Janeiro colapsaram.
Todas as quatro cidades analisadas tiveram uma diminuição dos óbitos em domicílio no último mês, voltando a números mais próximos do ano anterior. Todavia, o epidemiologista da Fiocruz Jesem Orella é cético quanto à queda.
“O efeito residual da epidemia segue causando adoecimentos e mortes diretas e indiretas. O fato de o número de mortes estar caindo não significa que o problema está sendo resolvido nem que em dois ou três meses tudo voltará ao normal. Ao contrário, são esperados novos picos, caso as precauções sejam abandonadas”, disserta ele.
“A tendência é que nos próximos meses a gente consiga dividir esses óbitos pela causa. Foi paciente cardíaco que ficou com medo? Ou foi Covid sem atendimento?", completa Diego Ricardo Xavier, outro epidemiologista Fiocruz. "Aí sim vamos ver qual foi o impacto direto e indireto do coronavírus".
Valedoitaúnas/Informações iG