Morre na Bolívia militar que matou Che Guevara em 1967
11 de março de 2022Mario Terán Salazar tinha 80 anos e assegurava ter matado o líder político em 1967. A causa da morte ainda não foi divulgada
Corpo de Che de Guevara (fotos de Che ficaram guardadas por décadas pela agência francesa) – Foto: AFP
O militar boliviano Mario Terán Salazar, morreu nessa quinta-feira (10), aos 80 anos, em Santa Cruz de la Sierra, no leste da Bolívia, informaram pessoas próximas. Salazar afirmava ter matado em 1967 o guerrilheiro argentino-cubano Ernesto "Che" Guevara.
Segundo informações do jornal argentino Clarín, pessoas próximas informaram que Terán Salazar estava doente, mas a enfermidade não foi especificada. Ele deixa uma esposa e dois filhos.
O hospital se recusou a confirmar a morte e a causa por "confidencialidade médica".
Captura e morte de Che Guevara
Em 8 de outubro de 1967, o exército boliviano deteve Che Guevara, figura mítica da luta armada durante a Guerra Fria, com apoio de dois agentes da CIA cubano-americanos.
Rosto de Che Guevara estampa muro de Havana – Foto: Amil Lage/AFP
Che estava à frente de um grupo de guerrilheiros que tinha sobrevivido a combates, à fome e a doenças.
Ferido em combate, foi levado para uma escola abandonada no povoado de La Higuera.
Ali passou sua última noite. Foi crivado de balas no dia seguinte por Terán com o aval do então presidente René Barrientos (1964-1969), um anticomunista ferrenho.
"Esse foi o pior momento da minha vida. Nesse momento, vi o Che grande, muito grande, enorme. Seus olhos brilhavam intensamente", relatou Terán na época.
Fidel com Che Guevara, em foto de 1960 – Foto: AP Foto/Prensa Latina via AP Images
"Sentia que se jogava em cima de mim e quando me olhou fixamente, tive um enjoo. Pensei que com um movimento rápido, o Che poderia tirar minha arma. 'Fique sereno, me disse, e mire bem! Vai matar um homem!' Então, dei um passo para trás, até a soleira da porta, fechei os olhos e atirei", contou o militar.
Aos 39 anos, o Che se tornava uma lenda, enquanto seu corpo, inerte, e seu rosto com os olhos abertos era exibido como um troféu na cidade vizinha de Vallegrande, uma imagem imortalizada pelo fotógrafo da AFP Marc Hutten.
Che Guevara e Fidel Castro foram companheiros na Revolução Cubana – Foto: Cuba's Council of State Archive/AFP
Após 30 anos de serviço, Terán se reformou e se manteve no anonimato, evitando a imprensa. Chegou, inclusive, a afirmar que o assassino de Guevara não tinha sido ele, mas outro militar com mesmo nome e sobrenome.
Depois de concluir seus estudos em medicina e de múltiplas viagens que forjaram suas convicções, Guevara, nascido na cidade argentina de Rosario, conheceu Raúl e Fidel Castro no México, antes de ingressar na guerrilha que levou os "barbudos" ao poder em Cuba, em 1959.
Anos depois de sua infrutífera tentativa de propagar a chama da revolução armada no Congo, seguiram-se meses de "desaparecimento" antes de envolver-se, na Bolívia, em sua última guerrilha.
Valedoitaúnas (g1)