Moraes tira exclusividade do MP para propor ações de improbidade
18 de fevereiro de 2022Moraes disse que o combate à corrupção, à ilegalidade e à imoralidade no poder público deve ser "prioridade absoluta" – Foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou dispositivo que dava ao Ministério Público (MP) exclusividade para a abertura de ações contra quem cometeu atos de improbidade administrativa, ilegalidades cometidas durante o exercício de função pública ou decorrência dela.
A adoção dessa regra foi resultado de mudança promovida no ano passado pelo Congresso Nacional por meio da Lei de Improbidade Administrativa. Até então, órgãos como a Advocacia-Geral da União (AGU) e procuradorias de estados e municípios tinham prerrogativa de apresentar à Justiça esse tipo de ação.
A decisão de Moraes ocorre após duas ações protocoladas pela Associação Nacional dos Procuradores dos Estados e do Distrito Federal (Anape) e pela Associação Nacional dos Advogados Públicos Federais (Anafe). O despacho, no entanto, ainda vai ser levado ao plenário da Corte.
Segundo as entidades, a mudança feita pelo Congresso impede o exercício da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios de zelar pela guarda da Constituição. Moraes acolheu o pedido das associações dizendo que o MP não pode ter um "monopólio absoluto" no combate à corrupção.
"A supressão da legitimidade ativa das pessoas jurídicas interessadas para a propositura da ação por ato de improbidade administrativa caracteriza uma espécie de monopólio absoluto do combate à corrupção ao Ministério Público, não autorizado, entretanto, pela Constituição Federal, e sem qualquer sistema de freios e contrapesos como estabelecido na hipótese das ações penais públicas", escreveu o ministro.
Ainda de acordo com o entendimento de Moraes, que é relator das ações, o combate à corrupção, à ilegalidade e à imoralidade no poder público deve ser "prioridade absoluta", já que, para o ministro, essas irregularidades provocam "graves reflexos na carência de recursos para a implementação de políticas públicas de qualidade".
Valedoitaúnas (UOL)