Ministro descarta Pró-Brasil e diz que caminho do investimento público deu errado
29 de abril de 2020Casa Civil anunciou, na semana passada, programa baseado em obras públicas, e causou atrito com o chefe da Economia, defendido por Bolsonaro
Paulo Guedes, ministro da Economia, descartou novo plano de investimento público e disse que esse caminho deu errado no passado – Foto: José Cruz/Agência Brasil
Depois da polêmica criada com a divulgação de um programa comandado pela Casa Civil da Presidência da República focado em obras públicas para a recuperação econômica, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse nesta quarta-feira (29) que o caminho do gasto federal já foi testado e deu errado.
Ao criticar o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), ícone das gestões petistas, Guedes afirmou que a retomada virá pelo setor privado. Em transmissão ao vivo com empresários do varejo, o ministro afirmou que será anunciado ainda nesta quarta-feira um acordo com o Senado para dar um socorro de R$ 130 bilhões aos governos regionais e irá prever que congelados.
Na semana passada, o ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, anunciou o chamado Pró-Brasil, para retomar a economia por meio do gasto público. Guedes e equipe não participaram do programa. Depois da repercussão do anúncio, o governo paralisou os plano.
"A retomada do crescimento virá pelo investimento privado. O caminho do investimento público, o PAC, já foi seguido e já deu errado. Se você cavou um buraco, foi para o fundo do poço, através dessas obras públicas indiscriminadas, a solução para sair do buraco não pode ser cavar mais fundo, repetir a mesma estratégia, fazer um novo PAC. É evidente que isso aí, pode ter até um ministério ou outro com uma ideia dessa, mas isso não encaixa", disse Guedes, em transmissão ao vivo com o mercado.
O programa de obras públicas é defendido por ministros como o titular da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, e do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho. Na semana passada, o governo falou de um programa de R$ 30 bilhões para gerar mais de 1 milhão de empregos.
"Não são esses R$ 12 bilhões, R$ 13 bilhões, R$ 15 bilhões por ano que vão colocar o Brasil para voar", disse Guedes, nesta quarta.
Em meio ao atrito entre os ministros, o presidente Jair Bolsonaro saiu em defesa do chefe da Economia, seu 'Posto Ipiranga'. Para ele, Guedes é "quem manda" nas decisões sobre a economia.
O ministro disse que o chefe da Casa Civil, ao anunciar o Pró-Brasil, reuniu pedidos da Esplanada dos Ministérios, mas os agentes econômicos reagiram.
"Nós vamos surpreender o mundo. A nossa retomada será com saneamento, com transportes, com a infraestrutura, com o marco regulatório do gás, do setor elétrico, com a reforma tributária, com os impostos, com a desoneração do ato de criar empregos", disse Guedes.
Valedoitaúnas/Informações iG