Meninos de Belford Roxo: Polícia fará buscas em área onde acusado teria jogado sacos
30 de julho de 2021Ao prestar depoimento à polícia, contudo, homem afirmou que não sabia o que estava dentro dos invólucros descartados; Justiça negou pedido de prisão
Lucas, de 9 anos, Alexandre, de 11, e Fernando, de 12, sumiram em dezembro do ano passado Foto: Arquivo
A polícia pode ter chegado mais perto de esclarecer o desaparecimento há sete meses de três meninos em Belford Roxo. Um suspeito de envolvimento no crime, que foi denunciado pelo próprio irmão como sendo a pessoa que jogou os corpos das crianças em um rio, prestou depoimento na Delegacia de Homicídios da Baixada (DHBF).
Ele não confessou o assassinato, mas admitiu ter jogado de uma ponte, também em Belford Roxo, sacos entregues a ele por traficantes. Segundo a DHBF, as investigações continuam e buscas serão realizadas na possível área onde os corpos das crianças teriam sido levados. Nesta semana, completaram-se sete meses do desaparecimento dos meninos.
O delegado Uriel Alcântara, titular da DHBF, pediu a prisão do homem, mas a Justiça não deferiu o pedido e ele continua em liberdade. Desde 27 de dezembro do ano passado, as famílias de Lucas Matheus, de 9 anos, Alexandre Silva, de 11, e Fernando Henrique, de 12, lutam para descobrir o paradeiro dos três.
De acordo com a denúncia feita pelo irmão do suspeito, os meninos teriam sido espancados e mortos a mando do traficante José Carlos dos Prazeres Silva, o Piranha, que tem a prisão decretada por tráfico. O motivo do crime, ainda segundo o denunciante, seria que uma das crianças estaria envolvida no furto de uma gaiola de passarinho. O homem procurou inicialmente o 39º BPM (Belford Roxo) e depois foi encaminhado para a DHBF, onde contou que os corpos foram jogados na localidade conhecida como Ponte de Ferro 38, no bairro Amapá, na divisa dos municípios de Belford Roxo e Duque de Caxias.
O ponto indicado fica em um local ermo, próximo ao Arco Metropolitano, e é considerado como área de desova de cadáveres. No depoimento prestado pelo suspeito, ouvido na DHBF na última quarta-feira, ele afirma que não sabia o que havia no interior dos sacos que foram jogados no rio, próximo à Estrada Manoel de Sá. Ainda não se sabe quando a polícia fará buscas para tentar encontrar os corpos dos garotos desaparecidos e confirmar se realmente foram ou não assassinados.
Jana Jéssica, mãe de Alexandre, com cartaz dos meninos durante reunião com o Ministério Público, no início de julho. Famílias esperam por resposta até hoje – Foto: Domingos Peixoto/Agência O Globo
Desde o desaparecimento, as famílias cobram informações da polícia, que pouco descobriu sobre o caso nesse tempo. Ontem, um parente dos meninos disse ainda não ter sido procurado pela polícia e que nada sabia sobre a denúncia feita na última quarta-feira (28).
“A polícia não nos comunicou nada oficialmente. Ainda continuamos com o mesmo sofrimento de não saber o que aconteceu com os meninos”, disse o tio de um dos meninos.
Os meninos Lucas Matheus, de 8 anos, o primo dele, Alexandre da Silva, de 10 e Fernando Henrique, de 11, em imagem de câmera de segurança. Meninos sumiram no dia 27 de dezembro – Foto: Reprodução
As três crianças foram vistas pela última vez em uma feira do bairro Areia Branca, também em Belford Roxo. Moradores do Morro do Castelar, localidade que tem o comércio de drogas controlado pelo traficante Piranha, os meninos ainda foram flagrados por uma câmera de segurança quando estavam a caminho da feira. Pelo menos duas testemunhas também afirmaram, ao prestar depoimento na DHBF, terem visto os garotos no local.
A polícia trabalha com a hipótese de que os meninos tenham desaparecido logo após sair da feira ou nas proximidades da comunidade em que moravam. Procurada, a Polícia Civil emitiu uma nota sobre caso.
“Um homem se apresentou no 39º Batalhão da Polícia Militar (BPM) de Belford Roxo e acusou o próprio irmão por envolvimento no desaparecimento de Lucas Matheus, Alexandre Silva e Fernando Henrique, que teriam sido mortos por traficantes da comunidade Castelar, em Belford Roxo. Após a declaração, o acusado foi detido pela PM e os dois foram ouvidos por agentes da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF). Em depoimento na unidade policial, ele negou as acusações feitas pelo irmão”.
Valedoitaúnas (Extra)