Mel dos EUA ainda tem vestígio de elemento nuclear da 2ª Guerra
28 de abril de 2021Apesar do fato curioso, os níveis de radiocésio, no entanto, não são altos a ponto de causar riscos à saúde, segundo departamento americano
Foto: Divulgação
Centenas de ogivas nucleares foram detonadas em testes aéreos, durante a Segunda Guerra Mundial. As bombas expeliram radiocésio, que é a forma radioativa do elemento césio, na alta atmosfera.
Agora, de acordo com a revista Science, a queda de micropartículas de radiocésio estão aparecendo no mel dos Estados Unidos. “É realmente incrível”, diz o cientista Daniel Richter à publicação. Segundo ele, a pesquisa mostra que a precipitação “ainda está lá fora e se disfarçando como um nutriente importante”.
Como os cientistas descobriram?
O radiocésio é solúvel em água e as plantas podem confundi-lo com o potássio, um nutriente vital que compartilha propriedades químicas semelhantes. Para ver se as plantas continuam absorvendo esse elemento nuclear, o geólogo James Kaste, do College of William & Mary em Williamsburg, Virgínia, pediu aos alunos da graduação que trouxessem alimentos dos locais onde iriam passar as férias.
Um aluno voltou com mel de Raleigh, na Carolina do Norte. Para a surpresa do professor, o produto continha níveis de césio 100 vezes maiores do que o restante dos alimentos. O geólogo se perguntou se as abelhas do leste dos Estados Unidos, recolhendo néctar de plantas e transformando-o em mel, estavam concentrando o radiocésio dos testes de bomba.
Kaste e outros pesquisadores coletaram 122 amostras de mel cru produzido localmente em todo o leste dos Estados Unidos e as testaram para radiocésio. As descobertas, relatadas no mês passado na Nature Communications, revelam que, a milhares de quilômetros do local da bomba mais próxima e mais de 50 anos depois que as bombas caíram, a precipitação radioativa ainda circula por plantas e animais.
Isso significa que o mel representa um risco?
Ainda assim, esses números não são motivo de preocupação, disse a Food and Drug Administration à Science. Os níveis de radiocésio relatados no novo estudo ficam “bem abaixo” de 1.200 becquerels por quilograma – o limite para qualquer preocupação com a segurança alimentar, diz a agência. A amostra com maior nível tinha apenas 19.1 becquerels por quilograma.
“Não estou nem um pouco preocupado”, acrescenta Kaste. “Como mais mel agora do que antes de iniciar o projeto. E eu tenho filhos, eu os alimento com mel”.
O radiocésio se decompõe com o tempo, então o mel no passado provavelmente continha mais. Para descobrir o quanto mais, a equipe de Kaste examinou os registros de testes de césio no leite dos Estados Unidos – que foi monitorado por preocupação com a contaminação por radiação – e analisou amostras de plantas arquivadas.
Em ambos os conjuntos de dados, os pesquisadores descobriram que os níveis de radiocésio diminuíram drasticamente desde 1960 – uma tendência semelhante que provavelmente ocorreu no mel. “Os níveis de césio no mel eram provavelmente 10 vezes maiores na década de 1970”, especula Kaste. “Por causa da decadência radioativa, o que estamos medindo hoje é apenas uma lufada do que estava lá antes”.
Valedoitaúnas/Informações Canal rural