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Mais de 290 mil famílias capixabas inscritas no CadÚnico têm renda mensal abaixo de R$ 303 por pessoa

21 de novembro de 2022

Mais de 290 mil famílias capixabas inscritas no CadÚnico têm renda mensal abaixo de R$ 303 por pessoaFoto: Divulgação

Mais da metade das famílias capixabas inscritas no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal (CadÚnico), um percentual de 59,64%, estão vivendo com renda mensal de no máximo R$ 303 por pessoa (¼ do salário mínimo) para suprir suas necessidades.

O percentual representa 291.481 de um total de 488.653 famílias, analisadas em estudo técnico realizado pelo Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) cujo objetivo foi calcular um Índice de Vulnerabilidade das Famílias (IVFam) do Espírito Santo.

O índice mediu, de forma indireta, o grau de vulnerabilidade das famílias capixabas a partir das características socioeconômicas registradas no CadÚnico, com dados inseridos até dezembro de 2021.

Quatro dimensões foram avaliadas pelo estudo para elaborar o índice. As dimensões foram a adequação do domicílio, o perfil e a composição familiar, o acesso ao trabalho e renda, e as condições de escolaridade. A dimensão que mais teve impacto para uma maior vulnerabilidade social foi a do trabalho e renda, que mostrou o resultado referente aos baixos rendimentos mensais das famílias.

Ainda assim, o resultado das demais dimensões também apontam para desafios, segundo a equipe de auditores responsável pelo estudo.

Veja o resultado completo do estudo, aqui.

Importante ressaltar que o IVFam não representa a situação de todas as famílias dos municípios, mas somente das inscritas no CadÚnico. Esse registro, por sua vez, que contempla vários dados socioeconômicos das famílias brasileiras com renda per capita inferior a ½ salário-mínimo (R$ 606,00) ou renda familiar total de até três salários-mínimos (R$ 3.636,00) em todos os municípios brasileiros, é o principal instrumento na identificação de potenciais beneficiários para os programas sociais.

Principais resultados

1. Dimensão: Adequação do domicílio

Constatou-se que a maioria das famílias vive em domicílio particular permanente, com até três pessoas ou menos por dormitório, com água canalizada, em pelo menos um cômodo, e com alvenaria, com ou sem revestimento na construção das paredes. Mas, aproximadamente ¼ possuem escoamento de banheiro em fossa séptica, ou rudimentar, ou vala a céu aberto, direto para o rio, lago ou mar.

2. Dimensão: Perfil e composição familiar

O estudo mostra que maioria das famílias (62,44%) é chefiada por uma pessoa. Ou seja, o chefe da família não divide a responsabilidade do domicílio com um cônjuge. A maioria das famílias (64,29%) possui quantidade maior de adultos do que pessoas menores de 17 anos. Em 8,12% das famílias o responsável pela família é analfabeto. Há pessoas portadoras de deficiência em cerca de 20% dos domicílios.

3. Dimensão: Acesso ao trabalho e renda

Concluiu-se que maioria das famílias (59,64%) registraram renda familiar mensal per capita de 0 até ¼ do salário mínimo per capita. Ao analisar as pontuações, torna-se evidente que quase metade dos domicílios tiveram pontuação igual a 10, sendo que a maior possibilidade de pontuação é de 13 pontos. Essa dimensão é a que teve mais impacto para uma maior vulnerabilidade social.

4. Dimensão: Condições de escolaridade

O estudo demonstra que cerca de 17,30% dos domicílios contam com, pelo menos, uma criança de 0 a 5 anos fora da escola. Há, também, de se destacar que em cerca de 30,63% dos domicílios existe uma ou mais pessoa com mais de 18 anos que não concluiu o ensino fundamental.

Municípios vulneráveis

O estudo traz, também, o valor médio do índice de vulnerabilidade da família de cada município, em ordem crescente. Vale ressaltar que, quanto maior esse índice, mais vulnerável é a condição das famílias.

Nesse contexto, os cinco maiores índices de vulnerabilidade estão nos municípios de Brejetuba, Divino São Lourenço, Irupi, Domingos Martins e Ibitirama.

Em contrapartida, os menores são Bom Jesus do Norte, Colatina, João Neiva, Ibiraçu e Alfredo Chaves.

A capital, Vitória, está na 68º colocação, e Vila Velha, 67º.

O índice dos municípios capixabas variou de 0,192 a 0,284, sendo o valor médio igual a 0,233. O coeficiente de variação foi de 7,8%, o que indica uma relativa homogeneidade nos índices dos municípios.

Veja os resultados, na tabela: Valor médio do IVFam das famílias de cada município.

COLOCAÇÃO

MUNICIPIO

IVFam

BOM JESUS DO NORTE

0,192

COLATINA

0,199

JOAO NEIVA

0,2

IBIRACU

0,203

ALFREDO CHAVES

0,206

CASTELO

0,207

BAIXO GUANDU

0,208

CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM

0,211

ICONHA

0,213

10º

MONTANHA

0,215

11º

VITORIA

0,215

12º

VILA VELHA

0,215

13º

LINHARES

0,216

14º

JERONIMO MONTEIRO

0,218

15º

ARACRUZ

0,219

16º

MUCURICI

0,22

17º

VENDA NOVA DO IMIGRANTE

0,22

18º

PIUMA

0,22

19º

BARRA DE SAO FRANCISCO

0,22

20º

GUARAPARI

0,221

21º

SAO JOSE DO CALCADO

0,222

22º

NOVA VENECIA

0,222

23º

SAO GABRIEL DA PALHA

0,222

24º

PONTO BELO

0,222

25º

DORES DO RIO PRETO

0,222

26º

MARILANDIA

0,223

27º

SAO MATEUS

0,224

28º

ITARANA

0,224

29º

GUACUI

0,224

30º

ALEGRE

0,225

31º

SAO ROQUE DO CANAA

0,226

32º

ATILIO VIVACQUA

0,227

33º

MIMOSO DO SUL

0,228

34º

SERRA

0,23

35º

PEDRO CANARIO

0,23

36º

PINHEIROS

0,23

37º

GOVERNADOR LINDENBERG

0,233

38º

APIACA

0,234

39º

SOORETAMA

0,235

40º

FUNDAO

0,236

41º

VIANA

0,236

42º

VILA PAVAO

0,236

43º

AGUIA BRANCA

0,236

44º

PANCAS

0,236

45º

BOA ESPERANCA

0,237

46º

IBATIBA

0,238

47º

CARIACICA

0,238

48º

CONCEICAO DO CASTELO

0,238

49º

RIO NOVO DO SUL

0,238

50º

MARECHAL FLORIANO

0,239

51º

VARGEM ALTA

0,239

52º

ECOPORANGA

0,24

53º

SANTA TERESA

0,24

54º

SAO DOMINGOS DO NORTE

0,24

55º

AGUA DOCE DO NORTE

0,242

56º

JAGUARE

0,243

57º

MANTENOPOLIS

0,243

58º

MARATAIZES

0,244

59º

AFONSO CLAUDIO

0,244

60º

ITAGUACU

0,244

61º

CONCEICAO DA BARRA

0,245

62º

SANTA MARIA DE JETIBA

0,247

63º

LARANJA DA TERRA

0,247

64º

MUNIZ FREIRE

0,247

65º

MUQUI

0,248

66º

IUNA

0,248

67º

PRESIDENTE KENNEDY

0,248

68º

ALTO RIO NOVO

0,253

69º

ANCHIETA

0,256

70º

ITAPEMIRIM

0,259

71º

VILA VALERIO

0,26

72º

RIO BANANAL

0,263

73º

SANTA LEOPOLDINA

0,265

74º

IBITIRAMA

0,265

75º

DOMINGOS MARTINS

0,267

76º

IRUPI

0,267

77º

DIVINO DE SAO LOURENCO

0,275

78º

BREJETUBA

0,284

Fonte: Elaboração NOPP

O mapa a seguir ilustra de cor mais clara os municípios com índices menores de vulnerabilidade, e de cor mais escura, as cidades com maiores índices, demonstrando o IVFam de cada município por faixa de valor.

Mais de 290 mil famílias capixabas inscritas no CadÚnico têm renda mensal abaixo de R$ 303 por pessoaFonte: Elaboração NOPP

Bairros de Vitória

O valor médio do índice de vulnerabilidade da família de cada bairro da cidade de Vitória também foi calculado. Nesse quesito, os cinco bairros mais vulneráveis são Conquista, São Benedito, Santos Reis, do Cabral e Nova Palestina.

Por sua vez, os cinco bairros menos vulneráveis são De Lourdes, Jardim da Penha, Praia do Canto, Mata da Praia e Morada de Camburi. (Veja a tabela no estudo).

Metodologia

A metodologia utilizada neste trabalho foi baseada no estudo do Ipardes, uma autarquia da administração pública do Paraná, que realiza atividades voltadas a pesquisas, estudos e elaboração de projetos e programas, e, também, fornece apoio técnico nas áreas econômica e social para a formulação de políticas públicas estaduais de desenvolvimento.

Os resultados desse trabalho são úteis tanto para os gestores, permitindo a remodelagem das políticas públicas em seu município, quanto para o próprio TCE-ES, auxiliando a identificar ações mais assertivas no combate às principais vulnerabilidades das famílias inscritas no CadÚnico. O estudo foi realizado pelo Núcleo de Controle Externo de Avaliação e Monitoramento de Outras Políticas Públicas Sociais (Nopp) do TCE-ES.



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