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Mais da metade das famílias brasileiras está endividada, diz BC

28 de setembro de 2022

Comprometimento de renda com dívidas com instituições financeiras bate novo recorde

Mais da metade das famílias brasileiras está endividada, diz BCEndividamento das famílias renova recorde e chega a 53,1%, aponta BC – Foto: Luciano Rodrigues

O endividamento das famílias chegou a 53,1% em julho, o maior patamar da série histórica do Banco Central (BC) iniciada em janeiro de 2005. Nos últimos meses, esse recorde vem sendo batido repetidamente, refletindo as condições da economia e a alta nos juros.

 Na estatística de endividamento que desconsidera o financiamento imobiliário, o patamar também é o mais alto desde 2005, em 33,64%. Em julho do ano passado, o nível estava em 29,6%.

Outro recorde renovado mês após mês é o de comprometimento de renda com dívidas com instituições financeiras. Em julho, chegou a 28,6% da renda, maior nível desde março de 2005, início da série histórica do BC. No mesmo mês de 2021, estava em 25%.

Quando se retira o financiamento imobiliário, o número é de 26,6%, também o maior da série histórica.

Inadimplência em alta

Depois de cair bastante durante a pandemia, as taxas de inadimplência vêm subindo nos últimos meses e superando os níveis registrados antes do início da disseminação da Covid-19.

A taxa média total com recursos livres foi de 3,9% em agosto, elevação de 0,8 ponto percentual (p.p) em um ano e nível parecido com os registrados em fevereiro e março de 2020, que antecederam o início da pandemia.

Em 5,6%, a inadimplência de pessoas físicas já superou os níveis do início de 2020, que variavam de 5% até 5,2%. No crédito pessoal, por exemplo, subiu de 3,3% em dezembro do ano passado para 3,8% em agosto deste ano.

Já no rotativo, a alta é em escala maior. De 35,7% de inadimplência em dezembro do ano passado, subiu para 43,4% em agosto.

A realidade é diferente para as empresas. A inadimplência, apesar de ter subido nos últimos meses, ainda está abaixo dos níveis pré-pandemia. Em agosto, foi de 1,8%, enquanto em março de 2020 estava em 2,34%.

No capital de giro, a alta é de 2,3% em dezembro para 2,5% em agosto. No cheque especial, a diferença foi de 11,5% para 15,5% no mesmo período.

Taxa do rotativo se aproxima dos 400% ao ano

A taxa média de juros cobrada no cartão de crédito rotativo, quando o valor integral da fatura não é pago até a data do vencimento, ficou em 398,4% ao ano em agosto, o maior patamar desde agosto de 2017.

A modalidade é a mais cara do mercado e seu uso não é recomendado por especialistas por conta dos riscos de endividamento. Só neste ano, o rotativo subiu 51 pontos percentuais (p.p), já que em dezembro do ano passado, estava em 347,4%.

A elevação dessa modalidade de juros, assim como acontece em outros casos, acontece por conta da elevação da taxa básica de juros, a Selic, que subiu de 2% em março de 2021 para 13,75% no patamar atual.

A taxa média de juros para pessoas físicas também vem se elevando nos últimos meses. Em agosto, chegou a 53,9% ao ano, elevação dos 45% registrados em dezembro do ano passado.

Alta também para empresas

O crédito para as empresas também vem ficando mais caro nos últimos meses. A taxa média cobrada em agosto foi de 22,8% ao ano, uma queda dos 23,4% no mês anterior, mas alta na comparação com dezembro, quando a média foi de 19,7%.

O capital de giro, por exemplo, ficou em 22% em agosto, patamar superior aos 20,7% de taxa média em dezembro do ano passado.

Já o desconto de duplicatas e recebíveis registrou taxa de juros média de 20,2% no mês passado, superior aos 15,7% registrados no último mês de 2021.

Apesar desse cenário, a procura por crédito continua em alta. No ano, a concessão de crédito subiu 25,4%. Só em agosto foram R$ 447,3 bilhões concedidos contra R$ 376,4 bilhões em dezembro na estatística ajustada para considerar as diferenças sazonais.

Valedoitaúnas (iG)



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