Mais chuvas no próximos dias no Espírito Santo, avisa o Incaper
20 de janeiro de 2020Foto: Divulgação
Após as fortes chuvas que causaram estragos na região sul do Espírito Santo, o Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) publicou nesta segunda-feira (20) novo aviso meteorológico especial para os próximos dias.
“Há previsão de pancadas moderadas a fortes de chuva. As chuvas virão acompanhadas de descargas atmosféricas e rajadas de vento, podendo ocasionar grandes acumulados. Não se descarta a ocorrência de granizo em pontos isolados”, informa o documento.
Retrospecto do final de semana
Em apenas cinco horas, choveu cerca de 180mm no município de Alfredo Chaves na última sexta-feira (17). O volume registrado corresponde a mais do que o total de precipitação esperado para o mês inteiro (166mm). As informações são da Coordenação de Meteorologia do Incaper.
Em Iconha, um dos municípios mais castigados pela chuva, não foi possível fazer o levantamento dos dados pluviométricos. “Por ter chovido na encosta, na região de Vargem Alta, e pelo fato de o escoamento da água em direção ao rio que corta Iconha ter sido muito rápido, o rio acabou transbordando”, explicou o coordenador de meteorologia do Incaper, Hugo Ramos.
“Foram os expressivos volumes de chuva registrados em Vargem Alta que contribuíram para o transbordamento em Iconha. No caso de Alfredo Chaves, tanto a chuva registrada na cabeceira, em Marechal Floriano, quanto o volume de precipitação registrado no próprio município, contribuíram para toda aquela situação catastrófica”, acrescentou Ramos.
A previsão climática de janeiro já apontava uma quantidade de chuva acima da média histórica. Para o fim de semana, a previsão do tempo era de pancadas de chuva, que se confirmaram num volume extremo. “Uma combinação de fatores meteorológicos potencializou a chuva que já estava prevista”, disse
Volume de chuva
Confira o volume de chuva registrado em alguns municípios capixabas entre as 17h do dia 17 de janeiro e a 1h do dia 18:
- Alfredo Chaves (estação meteorológica automática do INMET): 208 mm;
- Alfredo Chaves (Centro – pluviômetro do Cemaden): 244,6 mm;
- Vargem Alta (Centro – pluviômetro do Cemaden): 229,8 mm;
- Rio Novo do Sul (Centro – pluviômetro do Cemaden): 103,6 mm;
- Marechal Floriano (Araguaia – pluviômetro do Cemaden): 94,8 mm;
- Anchieta (João XXIII – pluviômetro do Cemaden): 89,8 mm;
- Anchieta (Olivania – pluviômetro do Cemaden): 78,0 mm;
- Muqui (pluviômetro do Cemaden): 82,8 mm;
- Venda Nova do Imigrante (Esplanada – pluviômetro do Cemaden): 74,6 mm.
O que provocou a chuva?
A nota técnica elaborada pela Coordenação de Meteorologia do Incaper explica as razões da chuva. “O sistema meteorológico de grande escala que provocou a formação de nuvens profundas foi uma frente estacionária, que gerou um vórtice ciclônico de baixos níveis em sua extremidade”, disse o meteorologista do Incaper Bruce Pontes.
Teoricamente, o giro ciclônico (no sentido horário no Hemisfério Sul) dos ventos de sudeste em baixos níveis ligados à passagem das frentes acaba sendo intensificado quando o sistema avança de forma lenta pela região, que tem uma costa e barreira topográfica (montanhas) num formato relativamente perpendicular aos ventos de sudeste.
Com a intensificação do giro ciclônico, normalmente é formado um vórtice ciclônico em baixos níveis, que está associado a movimentos verticais ascendentes em algumas de suas bordas. Dependendo da posição e velocidade de deslocamento do vórtice, as nuvens mais profundas podem se formar sobre o continente e provocar chuva torrencial.
Outro fator que pode ter contribuído para a intensificação do fenômeno foi a temperatura da superfície do mar (TSM) no entorno do vórtice, que está mais quente que o normal durante os últimos dias. A TSM mais elevada resulta em mais disponibilidade de umidade (vapor d’água) à superfície, que tende a se elevar e arrefecer, condensando, especialmente junto aos fatores já mencionados.
Valedoitaunas