Maia diz que Legislativo definirá plano de vacinação contra a Covid-19 com ou sem governo
07 de dezembro de 2020Para presidente da Câmara, 'ideal' seria o Executivo participar, mas é preciso ter rapidez na elaboração. STF julga no dia 17 se governo deve ou não apresentar plano em até 30 dias
Presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) – Foto: Reuters/Adriano Machado
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou nesta segunda-feira (7) que a sociedade "entrará em pânico" se o Brasil não tiver um plano de vacinação contra a Covid-19 e que o Poder Legislativo definirá uma estratégia com ou sem a participação do governo.
Rodrigo Maia deu a declaração ao conceder uma entrevista coletiva ao chegar à Câmara. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai julgar no próximo dia 17 uma ação que discute se o governo deve ou não elaborar um plano de vacinação em até 30 dias.
"As pessoas vão começar a entrar em pânico se o Brasil ficar para trás nessa questão de ter um plano, uma estratégia clara e objetiva. É bom que isso seja feito com o governo. Eu disse já ao presidente Bolsonaro. Mas nós vamos avançar de qualquer jeito, até porque o Supremo também vai avançar. E acho que o melhor caminho é que se faça de maneira integrada entre Executivo, Legislativo e, depois, a decisão final do Supremo", afirmou.
SP anuncia que plano de vacinação contra a Covid-19 deve começar dia 25 de janeiro – Foto: Reprodução
Bolsonaro e Doria
Em uma rede social, na tarde desta segunda-feira, o presidente Jair Bolsonaro escreveu que, desde que certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), "o governo brasileiro ofertará a vacina a toda a população de forma gratuita e não obrigatória". De acordo com o presidente, "segundo o Ministério da Economia, não faltarão recursos para que todos sejam atendidos".
Mais cedo, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou o início da vacinação contra a Covid-19 no estado no dia 25 de janeiro. A vacina a ser aplicada é a CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac em parceria com o Instituto Butantan, que se encontra na terceira fase de testes (de comprovação da eficácia) e ainda não tem aprovação da Anvisa.
Em outubro, Bolsonaro desautorizou o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e afirmou que o governo federal não comprará a CovonaVac.
Nesta segunda, em audiência promovida pela Câmara, o secretário de Controle Externo da Saúde do Tribunal de Contas da União (TCU), Marcelo Chaves Aragão, disse que a indefinição sobre quais vacinas vai adotar é um dos pontos negativos do plano de imunização do governo federal.
Ideal é plano conjunto, diz Maia
De acordo com Maia, pesquisas que monitoram o comportamento da população brasileira nas redes sociais mostram "certo pânico" na sociedade em relação ao acesso à vacina.
Ainda segundo o presidente da Câmara, famílias de alta renda já cogitam viajar para tomar a vacina no exterior, em países que já têm previsão de vacinação.
"O ideal é que se organize isso em conjunto, que a gente tenha um plano para isso porque as pessoas [...] as pessoas vão começar e começaram já a entrar em um certo pânico, um pânico grande. As pessoas que têm renda já estão começando a ver para onde vão viajar para tomar a vacina", afirmou.
Ainda na entrevista desta segunda-feira, o presidente da Câmara disse ser "muito grave" que o Brasil não tenha uma estratégia traçada sobre como será a imunização da população.
"É muito grave que o Brasil não defina logo um plano, não resolva de forma definitiva qual é o caminho e como o governo vai trabalhar e também como é que vai orientar o setor privado a trabalhar em relação às vacinas", afirmou.
Segundo o presidente da Câmara, caso o governo não determine um calendário, o Legislativo deve tomar alguma medida ainda neste ano. "Junto com o governo é o ideal, mas, certamente, deve se tomar a iniciativa rápido", disse.
Uma lei aprovada em maio deste ano pelo Congresso estabelece prazo de 72 horas para que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorize, de forma excepcional e temporária, a importação e a distribuição de medicamentos e insumos para o combate à Covid-19 que já tenham sido aprovados por algumas autoridades estrangeiras.
Maia disse que "em tese" essa lei poderia ser aplicada para antecipar a aprovação das vacinas por parte da agência.
Valedoitaúnas/Informações G1