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Mãe que assassinou o filho com uma corda de varal vai a julgamento

08 de março de 2021

Justiça aceitou a denúncia do Ministério Público. Vítima, de 14 anos, foi morta por asfixia

Mãe que assassinou o filho com uma corda de varal vai a julgamentoAlexandra Salete Dougokenski matou o próprio filho, Rafael Mateus Winques – Foto: Reprodução

A Justiça aceitou o pedido do Ministério Público (MP) e julgou procedente a denúncia formulada contra Alexandra Salete Dougokenski pela morte de seu filho, Rafael Mateus Winques, então com 11 anos, em 14 de maio do ano passado, em Planalto, na região norte do Estado.

O crime foi cometido na casa onde eles moravam. O adolescente estava no quarto, acordado, quando foi morto asfixiado com uma corda de varal. Conforme ficou apurado na investigação, a motivação para o assassinato foi uma desobediência do menino.

Alexandra foi pronunciada por homicídio doloso quadruplamente qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa da vítima), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual. Ela será julgada pelo Tribunal do Júri, em data a ser definida.

Segundo a promotora de Justiça de Planalto, Michele Dumke Kufner, todos os fatos imputados a Alexandra foram baseados em indícios sólidos e puderam ser comprovados durante a instrução processual. Na mesma linha, o promotor de Justiça, Diogo Gomes Taborda, observou que a sentença confirmou tudo aquilo que a acusação vem afirmando desde o início e que está amplamente provado.

“Foi a ré que matou o próprio filho, de forma dolosa, devendo ser julgada pelo Tribunal Popular. O Ministério Público atua sempre na defesa da vida e da justiça”, declarou o promotor.

O advogado Daniel Tonetto, de Santa Maria, representa a família paterna de Rafael e atuará como assistente de acusação. Segundo ele, a decisão refletiu tudo o que foi demonstrado durante a instrução criminal.

Já o advogado Jean Severo, que assiste Alexandra, diz ter plena convicção da inocência de sua cliente.

“Alexandra vai ser julgada pelo júri e vai ser absolvida. Temos convicção de que ela não foi a autora do homicídio, inclusive não vamos recorrer da sentença de pronúncia. Queremos o plenário logo e afirmo: Alexandra vai ser absolvida”, declarou.

A denúncia do MP

O MP-RS denunciou Alexandra em 10 de julho de 2020, menos de um mês depois do crime. Conforme a peça, nos dias que antecederam o assassinato, a ré passou a se sentir paulatinamente incomodada com as negativas do filho em acatar suas ordens, como diminuir o uso do celular e dos jogos online. Ela acreditava que a desobediência colocaria à prova o domínio que precisava ter sobre os filhos. De acordo com a apuração, temia, ainda, que esse comportamento do caçula estaria refletindo na subserviência apresentada pelo filho mais velho, de onde vinha a pensão que garantia seu sustento.

Segundo a denúncia, foi este contexto que levou Alexandra a articular a morte de Rafael. Para levar o plano adiante, retirou da casa de sua mãe comprimidos do medicamento diazepam e os deixou guardados até o momento oportuno para utilizá-los. Decidiu matar o filho na véspera, após repreendê-lo, aos gritos, para que parasse de jogar, e depois de fazer pesquisas na internet sobre o uso de substâncias tóxicas para diminuir a resistência das vítimas, como "Boa Noite Cinderela" e colírios. Horas antes do crime, Alexandra assistiu a filmes em que o prazer sexual era alcançado através de violência, asfixia e uso de máscaras.

Na noite do crime, Alexandra fez com que Rafael tomasse dois comprimidos de diazepam. A ingestão foi comprovada por laudos periciais. A denunciada esperou em seu quarto até que o medicamento fizesse efeito. Por volta das 2h, verificando que a resistência da criança estava reduzida em razão do medicamento, e munida de uma corda, estrangulou o filho até que sufocasse. "Após constatar que Rafael estava morto, a denunciada Alexandra engendrou uma forma de ocultar o cadáver e despistar as suspeitas que pudessem recair sobre si. Para tanto, vestiu o corpo do filho, pegou seus chinelos e o óculos e decidiu levá-lo até a casa vizinha, onde sabia que existia um local propício à ocultação", explicou a promotora Michele. "A mãe sabia que no local havia um tapume que encobriria o corpo do filho. Ao deparar com uma caixa de papelão, depositou o corpo, configurando a ocultação de cadáver com três agravantes: para assegurar a impunidade do crime de homicídio, crime contra criança e contra descendentes", concluiu.

Valedoitaúnas/Informações Portal Bei



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