Família vivia em condições precárias em uma área rural de difícil acesso no distrito de Pentagna. Esposa contou que filha mais nova nasceu em casa porque o marido a impedia de fazer pré-natal e também a proibiu de ser assistida no momento do parto

Casa onde mãe e as duas filhas eram mantidas em cárcere privado por mais de 20 anos – Foto: Reprodução

Um homem, de 60 anos, é procurado pela polícia suspeito de manter a esposa e duas filhas em cárcere privado por cerca de 22 anos, em Valença, no Rio de Janeiro. A família vivia em condições precárias em uma casa que fica em uma área rural de difícil acesso no distrito de Pentagna. As informações são da Polícia Civil.

A denúncia de uma possível ameaça do suspeito a vizinhos motivou a ida de policiais até o local. No momento em que os agentes tentaram fazer uma abordagem para apurar os fatos, o homem foi visto fugindo para uma área de mata e não foi mais localizado.

Casa onde a família vivia – Foto: Divulgação/Polícia Civil

Os policiais descobriram que, contra este homem, há um mandado de prisão em aberto por homicídio qualificado, expedido em 2007. E, desde então, ele é considerado foragido da Justiça.

Na residência, viviam três mulheres: a esposa e duas filhas do fugitivo, uma aparentemente maior e a outra menor de idade – não há confirmação das idades porque as filhas não foram registradas e, por isso, não possuem documentos de identificação civil.

Segundo a apuração feita pelos policiais, as filhas do suspeito nunca frequentaram a escola e também eram desestimuladas a receber atendimentos de saúde do município.

Parte interna do imóvel onde a família vivia – Foto: Divulgação/Polícia Civil

A esposa contou ainda que a filha mais nova nasceu em casa porque o marido a impedia de fazer pré-natal e também a proibiu de ser assistida no momento do parto.

No imóvel, foram apreendidas uma espingarda calibre .28 e várias munições.

Espingarda e munições apreendida no imóvel – Foto: Divulgação/Polícia Civil

A Polícia Civil apurou mais detalhes sobre a condição de vida da família, e os indícios levaram o delegado a determinar que o caso seja tratado como cárcere privado.

"Ele está há quase 20 anos submetendo tanto a esposa quanto as duas filhas a essa condição de vida dele. Então, é uma condição de vida reclusa, de cárcere forçado, ele não permite que as filhas dele deixem a casa, não permite que a mulher deixe a casa, não permite que elas tenham contato com qualquer outra pessoa que não seja ele", detalhou o delegado Flavio de Almeida Narcizo.

As três mulheres foram retiradas da situação de cárcere privado durante uma ação feita por policiais civis das delegacias de Valença e Rio das Flores e de guardas municipais de Valença. Elas juntaram pertences pessoais e foram para a casa de parentes.

"Procuramos um abrigo, encontramos a família da esposa, que, inclusive, acreditava que ela já estava morta, pois ela não dava notícias durante toda a expedição do mandado do marido", acrescentou o delegado.

Vítimas juntaram os pertences e foram para casa de parentes – Foto: Divulgação/Polícia Civil

Além do mandado de prisão por homicídio qualificado, o homem agora também passa a ser procurado por esta investigação relacionada ao cárcere privado.

Quem presenciar situações deste tipo pode fazer denúncias à polícia pelo telefone (24) 2452-3769. O anonimato é garantido.

Casa onde a família vivia – Foto: Divulgação/Polícia Civil

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