Lula e FHC assinam nota conjunta contra proposta de Guedes para o Mercosul
05 de junho de 2021Ex-presidentes defenderam o posicionamento do presidente argentino Alberto Fernández
FHC e Lula se unem em nota favorável à Argentina – Foto: Reprodução/redes sociais
Os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Fernando Henrique Cardoso assinaram, neste sábado (5), uma nota conjunta em defesa do presidente argentino, Alberto Fernández, que resiste às pressões do governo brasileiro para reduzir de maneira significativa a Tarifa Externa Comum (TEC) do Mercosul, usada pelo bloco para importações de terceiros países. Os ex-presidentes se mostraram contrários à proposta do ministro da Economia, Paulo Guedes.
“Este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco”, afirma a nota.
Com os desentendimentos políticos permanentes entre Fernández e o presidente Jair Bolsonaro como pano de fundo, os governos do Brasil e Argentina estão mergulhados numa negociação técnica que ameaça, admitiram fontes de ambos os países, o futuro do Mercosul. O embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, dedicou as últimas semanas a recolher apoio à posição argentina na disputa, incluindo em sua agenda encontros com os ex-presidentes brasileiros.
Paulo Guedes defende a diminuir em 10% a TEC e maior flexibilidade para que os países membros negociem acordos bilaterais individualmente. Fernández, no entanto, insiste que a redução da tarifa seja inferior ao percentual sugerido pelo governo brasileiro e que incida somente sobre bens intermediários, e não sobre produtos finais.
Segundo o governo argentino, as propostas de Guedes colocariam em risco a indústria argentina, uma vez que, com a diminuição da TEC acirraria a competição entre as importações e a produção local. O governo brasileiro, por sua vez, acusou o país vizinho de pouca ambição e protecionismo.
Em paralelo, o governo argentino fez uma nova proposta, ainda informal, sobre a reforma da TEC: a Argentina aceitaria que o Brasil fizesse uma redução de 10% agora, e se comprometesse a baixar 10% da TEC de 75% de suas posições tarifárias em janeiro de 2022. Mas a proposta não fala num segundo corte de 10%, algo considerado essencial pela equipe econômica brasileira.
Dentro do Mercosul, o governo brasileiro tem o apoio do Uruguai, há anos defensor de uma abertura e da liberdade de negociar acordos individualmente. Na última cúpula de presidentes do bloco, o presidente da Argentina disse a seu colega uruguaio, Luis Lacalle Pou, que, se não estiver satisfeito, desça do barco.
Na carta deste sábado, o petista e o tucano reafirmam que “é necessário manter a integridade do bloco, para que todos os seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo da economia mundial contemporânea”.
Leia na íntegra a nota de Lula e FHC em apoio ao presidente argentino Alberto Fernández:
“Concordamos com a posição do presidente da Argentina, Alberto Fernández, de que este não é o momento para reduções tarifárias unilaterais por parte do Mercosul, sem nenhum benefício em favor das exportações do bloco. Concordamos também que é necessário manter a integridade do bloco, para que todos os seus membros desenvolvam plenamente suas capacidades industriais e tecnológicas e participem de modo dinâmico e criativo da economia mundial contemporânea”.
Valedoitaúnas/Informações iG