Lula critica previsões de ‘pessimistas’ para economia e cobra empenho de ministros na relação com o Congresso
22 de abril de 2024Presidente deu as declarações em meio a uma crise da articulação política do governo com o Legislativo. Em discurso, petista não citou Padilha, alvo de ataques de Arthur Lira
O presidente Lula durante discurso no Palácio do Planalto nesta segunda-feira (22) – Foto: Reprodução/Canal Gov
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou nesta segunda-feira (22) previsões de "pessimistas" sobre a economia brasileira. O petista também cobrou empenho de ministros na relação com o Legislativo, para aprovação de medidas de interesse do governo.
Lula deu as declarações durante evento no Palácio do Planalto de lançamento de um programa de renegociação de dívidas de microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas – o "Desenrola" dos pequenos negócios.
"Eu quero alertar os pessimistas: esse país vai crescer mais neste ano, mais do que vocês falaram até agora. Os empregos vão ser gerados mais do que vocês imaginaram até agora, a massa salarial vai crescer mais do que vocês falaram até agora", afirmou o presidente.
Em meio a uma crise da articulação política do governo com o Congresso, Lula cobrou empenho dos ministros na negociação com deputados e senadores, para a aprovação das propostas prioritárias.
"O Alckmin tem que ser mais ágil, tem que conversar mais. O Haddad tem que, em vez de ler um livro, perder algumas horas conversando no Senado e na Câmara. O Wellington, o Rui Costa, passar maior parte do tempo conversando com bancada A, com bancada B", disse Lula.
"É difícil, mas a gente não pode reclamar, a política é exatamente assim. Ou você faz assim ou não entra na política", completou o petista.
No pronunciamento, Lula citou os ministros do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Geraldo Alckmin), da Fazenda (Haddad), do Desenvolvimento e Assistência Social (Wellington Dias) e da Casa Civil (Rui Costa).
O presidente, no entanto, não mencionou Alexandre Padilha, das Relações Institucionais. Cabe ao ministro a interlocução do Executivo com o Legislativo.
Nas últimas semanas, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), deixou evidente a insatisfação com Padilha. O parlamentar alagoano afirmou que o ministro é um "desafeto pessoal" e o chamou de "incompetente".
Em resposta, o ministro disse que não desceria "a esse nível". Já o presidente Lula afirmou que, "só por teimosia", manteria Padilha no cargo.
Entenda 'climão' entre os três poderes em Brasília
Na última sexta-feira (19), o presidente convocou uma reunião de emergência com líderes do governo no Congresso a fim de encontrar maneiras para melhorar a relação entre os Poderes.
Após a reunião, Padilha negou a existência de uma crise com o parlamento e disse que as dificuldades estavam superadas.
O PT, partido de Lula, tem atualmente 68 dos 513 deputados e depende da aliança com os partidos do Centrão para aprovar projetos de interesse na Câmara. A situação é similar no Senado, onde o PT tem no momento oito dos 81 parlamentares.
Pautas-bomba
Depois de tornar público o atrito com Padilha, Lira disse a aliados que colocaria em votação projetos da pauta de costumes e abriria comissões parlamentares de inquérito, o que poderia desgastar a imagem do governo.
No Senado, o governo também tem encontrado dificuldades na articulação. Nesta semana, avançou na Casa uma proposta que turbina o salário de juízes e promotores – de impacto bilionário nas contas públicas.
O texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) na última quarta-feira (17) e o governo, agora, atua para evitar a votação no plenário principal da Casa.
Segundo o colunista do g1, Lula decidiu entrar em campo para tentar evitar derrotas no Congresso.
(Fonte: g1)