Linda Evangelista busca indenização após criolipólise; entenda o que é o tratamento
25 de setembro de 2021Linda Evangelista, em foto de setembro de 2014 – Foto: Giuseppe Cacace/AFP/Arquivo
A supermodelo canadense Linda Evangelista revelou nas redes sociais que um efeito colateral raro da criolipólise, a hiperplasia adiposa paradoxal (HAP), a deixou “permanentemente deformada”. O procedimento, que visa reduzir as células de gordura, teve um efeito contrário, aumentando a região submetida ao tratamento.
Linda Evangelista afirmou que passou por duas cirurgias para tentar reverter o procedimento estético, sem sucesso. Ela entrou com um processo de US$ 50 milhões contra o lugar que realizou procedimentos cosméticos por negligência, propaganda enganosa e alegando que a empresa não alertou os clientes sobre os possíveis efeitos colaterais.
A top model se tornou célebre nos anos 1990, desfilando nas passarelas mais prestigiadas do mundo e aparecendo na capa de várias revistas, como a "Vogue".
Veja perguntas e respostas sobre o tratamento, riscos e HAP:
1. O que é a criolipólise?
2. Quais os riscos e efeitos colaterais?
3. O que é a hiperplasia adiposa paradoxal?
4. Para quem o tratamento é contraindicado?
5. Qual profissional procurar para fazer o tratamento?
1. O que é a criolipólise?
A criolipólise é uma técnica não invasiva de tratamento da gordura localizada e atua por meio do resfriamento e destruição dos adipócitos (células de gordura). Neste procedimento não há cortes, anestesias ou substâncias injetáveis.
"Como a célula rica em gordura é sensível a baixas temperaturas, a tecnologia submete a pele a um resfriamento intenso (aproximadamente 0ºC) desencadeando morte do adipócito (célula gordurosa), seguida de inflamação controlada e conseguinte a diminuição do volume de gordura no local", explica Emerson Andrade Lima, doutor em Dermatologia pela Universidade de São Paulo (USP).
“É um procedimento que faz a diminuição da gordura pelo frio. A gente resfria a área da gordura localizada e acaba destruindo essas células de gordura", completa Alessandra Ribeiro Romiti, assessora do Departamento de Cosmiatria Dermatológica da Sociedade Brasileira de Dermatologia.
A média estimada de redução de gordura após um único procedimento é de 25%. O resultado pode ser percebido após dois a três meses da aplicação. Um novo procedimento, no mesmo local, só poderá ser realizado após 90 dias.
O tratamento pode ser feito na barriga, nas costas, braços, pernas e área do pescoço.
2. Quais os riscos e efeitos colaterais?
Os efeitos colaterais comuns do tratamento incluem eritema temporário, edema e dor leve. Dor intensa pós-tratamento é rara.
Se o procedimento não for feito da forma correta (máquina calibrada na temperatura certa, tempo indicado e manta especial) pode causar queimaduras na pele.
"Há riscos de queimadura, escurecimento da pele e cicatrizes quando a técnica não é realizada com precisão", alerta Lima.
3. O que é a hiperplasia adiposa paradoxal (HAP)?
Linda Evangelista disse que desenvolveu a hiperplasia adiposa paradoxal (HAP). Segundo ela, o lugar não informou os riscos do procedimento.
"Eu desenvolvi uma hiperplasia adiposa paradoxal ou PAH (sigla em inglês), um risco do qual eu não fui alertada antes de passar pelos procedimentos. O PAH não apenas destruiu meu sustento, como me colocou em um ciclo de grande depressão, profunda tristeza, e nos níveis mais baixos de autodesprezo. Neste processo, me tornei reclusa", conta.
A HAP é um efeito colateral raro da criolipólise – em vez de diminuir, o tecido adiposo aumenta.
"A hiperplasia adiposa paradoxal é uma complicação da criolipólise rara. No lugar da gordura queimar, ela fica dura, como se fosse no formato da ponteira. Ela fica lá. É uma complicação difícil de ser conduzida. É rara, mas quando acontece precisa ser resolvida com lipoaspiração, que é um tratamento mais invasivo", explica Romiti.
Veja na imagem abaixo fotos do pré-tratamento (A, C, E, G, I e K) e fotos tiradas (B, D, F, H, J e L) quatro meses após a criolipólise em uma paciente de 48 anos. O crescimento da adiposidade pós-tratamento é visto na linha posterior do sutiã e no abdômen quando comparadas às fotos anteriores.
Imagens mostram antes e depois da criolipólise em mulher de 48 anos – Foto: B Straka/PubMed
Em outra imagem, uma mulher de 43 anos foi submetida a uma única sessão de criolipólise na área da "papada". As fotos A e B são pré-tratamento, C e D são dois meses após o procedimento e E e F foram tiradas um ano após a criolipólise.
Procedimento foi feito na chamada "papada" — Foto: Aesthetic Surgery Journal/Oxford Academic
4. Para quem o tratamento é contraindicado?
A Socidade Brasileira de Dermatologia alerta que o tratamento é contraindicado para pacientes obesos, grávidas e lactantes, pessoas com grande flacidez na pele, pacientes com quadros infecciosos, cicatrizes, hérnia abdominal, dermatites e pruridos na região atingida.
Emerson Lima reforça que a criolipólise não deve ser usada como um tratamento de emagrecimento.
5. Qual profissional procurar para fazer o tratamento?
O procedimento deve ser realizado por um profissional especialista em pele, bem treinado e experiente. Antes de realizar o tratamento, o paciente deve ser informado sobre os possíveis efeitos colaterais.
"O procedimento é feito em consultório. Precisa ter uma boa indicação, porque é a gordura localizada. É preciso fazer uma avaliação para ver se o paciente tem indicação. Ele precisa ser feito de maneira correta, porque tem toda uma acoplagem da ponteira. Existe uma manta de proteção para que o frio não queime a pele e ela precisa ser muito bem acoplada", alerta a dermatologista da SBD.
É importante também ficar atento ao preço. Uma sessão de criolipólise pode custar, em média, R$ 1.500. Se o lugar estiver cobrando barato demais, desconfie.
Valedoitaúnas (g1)