Justiça condena médico a 21 anos de prisão por morte de menino para retirada de órgãos em MG
19 de abril de 2022Condenado não poderá recorrer em liberdade; Paulo Pavesi morreu em Poços de Caldas, a 420 km de Belo Horizonte, em 2000
Paulo Pavesi e o médico Álvaro Ianhez – Foto: Reprodução Record TV
O Tribunal do Juri de Belo Horizonte, Minas Gerais, condenou a 21 anos e 8 meses de prisão, nesta terça-feira (19), o médico Álvaro Ianhez, de 77 anos, pela morte de Paulo Pavesi. O caso aconteceu em Paços de Caldas, 420 km de Belo Horizonte, em 2000, quando a vítima tinha 10 anos.
De acordo com a denúncia, o menino, que estava internado em um hospital da cidade, teve a morte enfecefálica confirmada indevidamente para a retirada de quatro órgãos, que foram encaminhados para doação.
O médico foi condenado por homicídio qualificado por motivo torpe e devido à menoridade da vítima na época do crime. A decisão cabe recurso, mas o juiz Daniel Chaves não autorizou que o sentenciado responda em liberdade.
"A conduta praticada pelo acusado se mostra extremamente censurável a medida em que o réu praticou o delito se valendo de sua condição de médico, inclusive com atuação na Central de Transplantes da localidade, com grave repercussão social. Neste último ponto, deverá haver uma individualização no tocante ao presente condenado para agravamento da censurabilidade, em relação aos corréus já sentenciados. Ademais, se valeu em concurso com outros profissionais para concorrer à extração de quatro órgãos da vítima", comentou o juiz ao proferir a sentença.
Ianhez participou da audiência via chamada de vídeo, diretamente de São Paulo. O juiz determinou a expedição de uma mandado de prisão contra ele. O advogado Luiz Chimicatti, que defende o médico, disse que já recorreu contra a decisão.
"Vamos tentar evitar que esse mandado se cumpra, utilizando os meios legais, até porque os outros acusados conseguiram liberdade para aguardar o julgamento em liberdade", pontuou o advogado.
Chimicatti afirma que vai tentar reverter a condenação. Ele não detalhou quais argumentos vai apresentar à Justiça, mas avaliou que a sentença é ilegal. "O meu cliente está sendo acusado juntamente com os outros acusados. O que o Ministério Público trouxe para discussão foi justamente a situação envolvendo os outros acusados. Se o meu cliente fosse julgado objetivamente e sozinho, não tem prova objetiva nenhuma contra ele", afirmou.
Relembre o caso
O médico é acusado pelo envolvimento na morte do menino Paulo Veronesi Pavesi, em abril de 2000. Ele tinha 10 anos quando caiu de uma altura de 10 metros do prédio onde morava, em Poços de Caldas, no sul de Minas Gerais.
A criança foi levada para um hospital particular e depois transferida para a Santa Casa da cidade, onde, dois dias depois, foi dada como morta. No entanto, de acordo com o Ministério Público, o exame que apontou a morte cerebral teria sido forjado e Paulinho ainda estaria vivo no momento da retirada de seus órgãos.
No ano passado, os médicos José Luiz Gomes da Silva e José Luís Bonfito foram condenados a 25 anos de prisão em regime fechado por homicídio. O anestesista Marco Alexandre Pacheco foi julgado e absolvido. O júri concluiu que ele participou do atendimento, mas não foi responsável pela morte do menino.
Valedoitaúnas (R7)