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Jovens são os preferidos nas contratações do setor de saúde do Espírito Santo

23 de dezembro de 2025

Saldo de empregos formais na faixa de 18 a 29 anos chegou a 232 vagas em outubro, enquanto que no grupo de 40 a 49 houve queda de 91 empregos. Atividades de atendimento hospitalar lideram contratações no Espírito Santo

Jovens são os preferidos nas contratações do setor de saúde do Espírito SantoFoto: Divulgação/Envato

O setor de saúde capixaba está em expansão e segue contratando profissionais no mercado formal, com um perfil bem definido. Em outubro, os jovens foram o principal motor das admissões no setor, o que indica uma renovação da força de trabalho justamente em uma área considerada estratégica e estrutural para o estado. A preferência por profissionais mais novos ajuda a explicar por que a saúde manteve saldo positivo mesmo em um cenário geral de retração do mercado de trabalho.

Em outubro de 2025, o setor de saúde do Espírito Santo registrou 2.502 admissões e 2.369 desligamentos, resultando em um saldo positivo de 133 novos postos formais. Embora moderado, o desempenho confirma a resiliência do setor.

O levantamento é do Connect Fecomércio-ES (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Espírito Santo), com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

O perfil demográfico das contratações ajuda a entender a dinâmica do mercado. Em outubro, as faixas etárias mais jovens lideraram amplamente o saldo positivo. Trabalhadores entre 18 e 24 anos somaram 152 novas vagas, enquanto o grupo de 25 a 29 anos adicionou outras 80, totalizando 232 postos entre 18 e 29 anos. Por outro lado, houve retração entre profissionais mais experientes, com destaque para a faixa de 40 a 49 anos, que registrou queda de 91 empregos, além de reduções entre 50 a 64 anos (16) e 65 anos ou mais (10).

“Os dados indicam uma clara estratégia de renovação da força de trabalho, com maior abertura para perfis jovens, que costumam apresentar maior disponibilidade e custo médio menor. Ao mesmo tempo, observamos ajustes entre faixas etárias mais elevadas, possivelmente associados a aposentadorias, reorganizações internas ou substituições”, analisou Spalenza.

A distribuição por gênero manteve um padrão histórico do setor. As mulheres responderam pela maior parte do saldo positivo, com 87 vagas, frente a 46 ocupadas por homens. Ainda assim, o aumento das admissões masculinas sugere uma diversificação gradual das contratações, sobretudo em áreas técnicas, administrativas e operacionais.

Já em relação à escolaridade, as admissões concentraram-se entre trabalhadores com ensino médio completo (84 vagas) e superior completo (39), reforçando a demanda por perfis qualificados.

O grande destaque do mês foi o segmento de atendimento hospitalar, que concentrou a maior parte das contratações. A atividade registrou saldo positivo de 116 vagas, resultado de 1.283 admissões frente a 1.167 desligamentos, e mantém o maior contingente de trabalhadores do setor, com 36.737 vínculos formais atualmente no estado.

As atividades ambulatoriais de médicos e dentistas também apresentaram desempenho favorável, com saldo de 44 vagas, enquanto os serviços móveis de urgência e remoção de pacientes tiveram resultado positivo, ainda que discreto, de 13 postos.

Para André Spalenza, coordenador do Observatório do Comércio do Connect Fecomércio-ES, o comportamento do setor confirma seu papel estrutural dentro dos serviços. “Mesmo em um mês mais desafiador para o mercado de trabalho, a saúde mostrou capacidade de sustentar contratações. Isso ocorre porque a demanda por cuidados assistenciais é contínua e menos sensível às oscilações econômicas de curto prazo”, explicou.

Na comparação anual, o desempenho do setor é ainda mais expressivo. Entre outubro de 2024 e outubro de 2025, o estoque de empregos na atenção à saúde humana passou de 59.638 para 61.366 vínculos, crescimento de 2,9%, superior ao observado no conjunto dos serviços, que avançou 2,3% no mesmo período. “Esse resultado reforça que a saúde é um dos componentes mais dinâmicos do setor de serviços, impulsionada pela ampliação da rede assistencial e pela maior demanda especializada”, avaliou Spalenza.

No recorte regional, Vitória voltou a liderar a geração de empregos na saúde, com saldo de 70 postos, impulsionada pela presença de grandes hospitais, laboratórios e serviços de alta complexidade, que seguem ampliando suas equipes. No interior, Linhares (39) e Colatina (35) também apresentaram resultados expressivos, consolidando a tendência de descentralização da oferta de serviços de saúde e a formação de polos regionais fora da Grande Vitória.

“Esse movimento mostra que a expansão da saúde não está restrita à capital. O interior vem ganhando protagonismo, acompanhando a ampliação da rede hospitalar, o fortalecimento de clínicas privadas e a estabilidade das instituições filantrópicas regionais”, concluiu André Spalenza.



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